República, Mercado e Constituição: o federalista e a república comercial na modernidade
DOI:
https://doi.org/10.22456/0104-6594.131784Abstract
Há farto debate acerca do republicanismo na teoria política contemporânea. Partindo do pressuposto de que a Constituição Americana é representativa de um regime republicano moderno, o artigo retoma a tradição republicana desde seus primórdios no pensamento político clássico, analisando alterações centrais ocorridas no período moderno. Buscamos demonstrar que conjugação do ideal de sociedade mercantil concatenada com o ideal republicano era um dos objetivos centrais dos autores do Federalista. Tal conjugação tornou-se traço característico do constitucionalismo moderno. Fazendo um apanhado da ideia de república, desde a filosofia política clássica até a moderna, foi possível desenvolver um argumento filosófico demonstrando a conjugação realizada pelos modernos entre as ideias de República, de Mercado e de Constituição. Na primeira parte, contrapõe-se a caracterização da ideia de república na filosofia política clássica com os traços mais característicos da sociedade mercantil moderna. Na segunda, busca-se a compreensão da fusão moderna entre república e sociedade mercantil. Argumenta-se que os norte-americanos buscavam conjugar, por meio de um arcabouço institucional (Constituição) ideais até então distantes no pensamento político ocidental. Assim, engajamento político republicano passou a ser compatível com a moderna atividade econômica no mercado. Conclui-se, então, que o ideal de República Comerciante é o modo que a república pode existir na modernidade, sendo que o modelo apresentado e defendido pelo Federalista é o primeiro expoente institucionalizado, por meio de uma Constituição, da conjunção dos ideais republicanos oriundos de uma milenar tradição política ocidental com os ideais modernos do mercado.
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