CONSTITUIÇÃO E ESPETÁCULO
considerações sobre a alienação do direito e o estado de exceção
Resumo
O presente trabalho constrói um quadro reflexivo a partir, fundamentalmente, das obras de Guy Debord e Giorgio Agamben para realizar uma análise da manifestação do direito na era do espetáculo, momento no qual a vida passa a se dar mediada por imagens e midiatizações. Busca-se, assim, elucidar as implicações desse modo de vida na construção do pensamento jurídico e na aplicação jurisdicional do direito no bojo do Estado Democrático de Direito brasileiro, trazendo-se à discussão alguns casos exemplares apreciados pelo judiciário, de modo a se desvelar o paradigma da administração espetacular e excepcional da justiça no país. O referencial central da análise desenvolvida na investigação é a biopolítica de Giorgio Agamben, e, metodologicamente, se buscou uma aproximação à reflexão paradigmática desenvolvida por esse autor. A técnica de pesquisa utilizada foi a de revisão bibliográfica.
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