Acordes e melodias na "cidade partida": o tema da segregação sócioespacial cantado por alguns sambistas cariocas
DOI:
https://doi.org/10.22456/1982-0003.36480Palavras-chave:
Geografia Humanística, segregação sócio-espacial, Rio de Janeiro, samba, favela da MangueiraResumo
Discutir como o tema da segregação espacial na cidade do Rio de Janeiro é experienciado por alguns compositores do Morro da Mangueira ou simpatizantes desta comunidade, a partir da análise de algumas letras de sambas enredo, quadra ou terreiro é o objetivo central desta comunicação. Para isso, recorreremos aos aportes teóricos e metodológicos da corrente denominada de Geografia Humanística, em especial as noções de espaço e lugar. Como outras pesquisas produzidas dentro da corrente humanística, este esforço está assentado na subjetividade, na intuição, nos sentimentos, na experiência, no simbolismo e na contingência, privilegiando o singular e não o particular ou o universal, e ao invés da explicação, tem na compreensão a base de inteligibilidade do mundo real. A alusão a um mundo “mítico”, “sagrado”, criado ao longo dos anos pela rica produção cultural do Morro da Mangueira, além do prestígio de sua agremiação carnavalesca, dentro da inoperância e negligência do poder público, mas no compasso do surdo e no rufar de seus tambores, forjou uma imagem, carregada de simbolismos, que contribui para a diminuição de representações estigmatizadas e preconceituosas de seus moradores, inserindo-os na “cidade formal”, ou seja, derrubando os “muros do resguardo” entre a favela e o asfalto, se não na paisagem urbana, no imaginário coletivo.