Na lapa tudo é permitido! A lapa sob o olhar e a experiência de travestis das antigas
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.9499Resumo
Neste ensaio trago reflexões de caráter preliminar decorrentes dos primeiros meses de trabalho de campo para fins de doutoramento com um grupo de travestis acima dos 60 anos e residentes na cidade do Rio de Janeiro. Tal investigação tem como proposta principal, compreender os processos pelos quais este grupo foi construindo ao longo de suas trajetórias sociais e por intermédio de seus itinerários urbanos, suas práticas de sociabilidade relacionadas às suas vivências na c idade do Rio de Janeiro. Pensar as prática s de sociabilidades especificas deste grupo nos leva a análise de suas interações sociais e conseqüentemente das formas de apropriação do espaço urbano bem como de suas relações, percepções e concepções da c idade, entendida aqui como cenário de atuação desses atores sociais. Deste modo, para os propósitos deste texto destaco fragmentos de narrativa s e vivências de três interlocutoras moradoras ou antigas moradoras do bairro da Lapa e arredores.
O bairro da Lapa foi fundado em 1751 e se desenvolveu ao redor da Igreja Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro no largo e dos Arcos da Carioca o aqueduto concluído em meados do século XVIII durante a administração do Governador–Geral Gomes Freire de Andrade. Esta situada no centro da cidade, e destaca-se como um dos principais símbolos do Rio de Janeiro, por sua notória vida noturna devido aos antigos cabarés e zonas de meretrício (Cosme, 2005) e por seus célebres moradores ou antigos habitués como: Villa Lobos, Lima Barreto, Manuel Bandeira, Di Cava lcanti, Sergio Buarque de Holanda, entre outros artistas, músicos e intelectuais, sem falar nos míticos malandros Chile, com seus chapéus terno de linho branco e sapatos bicos finos, tendo como representante mais famoso Madame Satã considerado como o primeiro “travesti-artista” do Rio de Janeiro. Ao longo dos séculos o bairro passou por diversas transformações urbanas e de estilo de vida. Se no inicio se caracterizava por ser um bairro familiar, aristocrático e centro político a partir de 1910 a paisagem do bairro ganha novos aspectos com a instalação das primeiras pensões de mulheres que nos anos seguintes tomaram as ruas e becos do bairro de assalto, um dos mais famosos é o beco das carmelitas onde as casas funcionavam durante todo o dia. Principalmente as décadas de 20 e 30 do século passado foram consideradas Montmartre Montparnasse pelos ilustres poetas, intelectuais e músicos como a ou carioca caracterizando o “Rio Noturno” em alusão aos áureos tempos da boêmia do bairro. (Santos de Lima Costa, 2000).
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