Percorrendo as marcas de distintas temporalidade no Bairro Bonfim: exercício de etnografia nas ruas de um bairro
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.9259Resumo
A Antropologia urbana, realizada no âmbito das pesquisas com sociedades urbano-industriais, tem por objetivo compreender de que modo os fenômenos sociais são produzidos, reproduzidos e vivenciados na vida cotidiana do homem comum. Esta área de conhecimento em seus primórdios preocupou-se em estudar e conviver com “povos exóticos” aos antropólogos e a sua própria cultura. No decorrer de seus trabalhos de campo os antropólogos enfrentaram diversas dificuldades e aprenderam a transformar estas dificuldades iniciais em condição e instrumento de pesquisa (MAGNANI, 1984).
Em sociedades em que os padrões culturais se encontram muito diferentes dos seus é necessário que o antropólogo esteja atento a diferentes gestos, palavras, hábitos, etc, por mais que pareçam banais e insignificantes. E é nesse ponto que reside à máxima antropológica “estranhar o familiar.” (DaMatta, 1974) Para um antropólogo que estuda em sua própria sociedade um dos maiores desafios é a familiaridade, podendo se transformar em obstáculo, pois ela pode representar idéias pré-concebidas, ou acaba por simplesmente banalizar aspectos importantes do cotidiano dos grupos estudados.
Nesse sentido, a escolha pelo universo de pesquisa que é um bairro de Porto Alegre, o BomFim, no qual também sou moradora representa um duplo desafio. Iniciando pelo meu processo de formação de iniciação científica em antropologia, no qual além das disciplinas cursadas na faculdade de Ciências Sociais, o trabalho de campo é uma experiência de iniciação à pesquisa antropológica. Ao observar diretamente no universo de pesquisa, a prática toma um outro tom, na qual juntamente com orientações e leituras de textos sobre o tema pesquisado, passamos a viver na prática dilemas e conflitos de realizar nossas investigações no meio urbano. Relacionando a experiência de estar junto com o outro, observando fenômenos e buscando uma reflexão associada a teorias e métodos e técnicas da própria disciplina aprendendo nos desafios dialogando com antropólogos que realizaram seus trabalhos e podem contribuir com suas experiências e teorias criadas a partir delas.
Assim, o desafio é transformar conceitualmente essa experiência seguindo algumas metodologias, técnicas e um aporte conceitual que dê conta dos fenômenos experenciados na vida urbana dos grupos estudados no meio citadino, implicando em um deslocamento epistemológico por parte do pesquisador. Nesse ponto, o estranhamento do familiar, é um processo no qual o investigador que desenvolve pesquisa no meio urbano se depara já que é necessário ir além do superficial, adentrando nos fenômenos, fazendo reflexões, dialogando com as teorias que possam dar conta dos fenômenos encontrados em campo.
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