O namoro do sol e da lua: controvérsias entre documentário ficcional e documentário etnográfico
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.9118Resumo
É sempre uma tarefa difícil, nas discussões sobre cinema, estabelecer as diferenças entre o cinema documentário e o cinema de ficção. Arte da ilusão, máquina do imaginário, o cinema produz imagens a partir da realidade, constrói com imagens outras “realidades”. A discussão poderia parar na arte pela arte (um filme é apenas um filme), até que essa arte ilusória resolvesse encontrar a Ciência, ou melhor, quando a Antropologia, ciência dos encontros, das diferenças e semelhanças entre os homens, resolvesse produzir imagens e pensar sobre homens produzindo imagens do “outro”, do diferente.
Mas essa discussão é posterior a toda uma tradição de cinema, de cientistas, mágicos, lunáticos, empresários, inventores e outros “possuídos pela imaginação” que fizeram do cinema uma linguagem que se constituiu oscilando entre a busca da ilusão da realidade e o registro de realidades. O próprio termo documentário só foi utilizado a partir de 1940. Até então, o que se tinha eram filmes. Neste texto, apresento uma reconstituição da trajetória dessa linguagem cinematográfica e do próprio documentário, pensando as intenções e as técnicas que culminaram nas diferentes tendências atuais do documentário, estando entre elas, o documentário etnográfico.
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