A Interioridade da Experiência Temporal do Antropólogo como Condição da Produção Etnográfica

Autores

  • Cornelia Eckert BIEV/PPGAS/UFRGS
  • Ana Luiza Carvalho da Rocha BIEV/PPGAS/UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.22456/1984-1191.8925

Resumo

O método etnográfico aponta para uma ética de interação, de intervenção e de participação construída sobre a premissa da relativização, onde o tema da interpretação desponta como central. Guardadas as divergências teórico-analíticas, trata-se de toda uma geração de antropólogos que priorizaram o ponto de vista do "outro" compreendido a partir do processo interativo em campo: o encontro intersubjetivo entre o pesquisador e os sujeitos pesquisados.

A alteridade reside na singularidade do discurso êmico traduzida pelo antropólogo nas pesquisas, tema este que tangencia uma "hermenêutica do si", da qual não se pode afastar a produção/construção do conhecimento antropológico em suas bases mais profundas. Como se verá, a seguir, não é por acaso que o campo da matriz disciplinar da Antropologia é atingido por tais temas específicos do discurso filosófico contemporâneo ("a dialética da ipseidade e da mesmidade" na correlação entre o "si" e o "diverso do si").

Trata-se de um momento singular da produção teórica e conceitual da Antropologia, quando a experiência temporal do “sujeito do investigador” começa a ser incorporada como centro de suas preocupações desde o momento em que seu “objeto de pesquisa” desloca-se das ditas sociedades “primitivas” às sociedades “complexas”.

Acompanhando este "ponto de revolução", o antropólogo passa a interrogar-se a propósito de "quem fala designando-se a si mesmo como locutor (dirigindo a palavra a um interlocutor), desencadeando-se aí toda uma reflexão sobre o estatuto indireto da posição do "si".

Pretende-se com este artigo refletir sobre o método etnográfico referido ao tema da identidade narrativa do antropólogo, em especial, o problema de sua identidade pessoal no que tange a alcançar, em Antropologia, uma ética da ação.

Assim quer-se aqui problematizar metodologicamente a mediação narrativa como constituinte, em Antropologia, do método etnográfico que, se acredita, possa elucidar os paradoxos da identidade pessoal do antropólogo como fundamento da produção téoricoconceitual desta matriz disciplinar na contemporaneidade.

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Publicado

2000-06-01

Como Citar

ECKERT, C.; ROCHA, A. L. C. da. A Interioridade da Experiência Temporal do Antropólogo como Condição da Produção Etnográfica. ILUMINURAS, Porto Alegre, v. 1, n. 1, 2000. DOI: 10.22456/1984-1191.8925. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/8925. Acesso em: 28 mar. 2024.