Uma fotografia do sutil: A arte religiosa de Mario Cravo Neto
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.72887Abstract
O presente artigo analisa o trabalho fotográfico de Mario Cravo Neto a partir de sua relação semântica e dialógica com o universo religioso de sua devoção, o candomblé soteropolitano. A expressão artística de sua fotografia e a sua religiosidade entrelaçam-se por meio de forças misteriosas que constroem uma atmosfera enigmática, sedutora e simbólica que elucida o delicado diálogo político e sagrado encenado na vida corriqueira da cidade de Salvador. Mario Cravo Neto produz sua arte estendendo ao mundo visível uma linguagem que constitui a própria rotina da vida litúrgica, aquela forma iniciática na qual parte do aprendizado está não no dito, não no apontado, mas no sugerido, no que é insinuado. Dessa forma, é num rico e complexo diálogo característico da linguagem litúrgica da vida de santo que o artista convida o mundo público a um contato com aquilo que há de mais secreto, íntimo e sagrado, sendo exuberante e ao mesmo tempo discreto. Por meio de seu trabalho engajado e investido de prática religiosa, tem-se uma fotografia capaz de ser deliberada e meramente referencial. Trata-se, neste artigo, de analisar essa linguagem peculiar que é, tanto a marca própria do artista, quanto linguagem intimamente coerente com a vida sagrada que é coletiva e característica do aprendizado da vida de santo.
Palavras-chave: Fotografia. Candomblé. Sagrado.
The subtle language of Mario Cravo Neto’s photography
Abstract
This article analyses Mario Cravo Neto’s photography from the perspective of its semantical and communicational bind with the religious episteme of Candomblé, an Afro-Brazilian religion that is still very present among common knowledge in the city of Salvador. Neto’s expression and his religiosity entangle themselves together through a very particular language bringing up to his observers many mysterious forces that work simultaneously with his images to build up an enigmatic atmosphere that is both seductive and symbolic. This atmosphere brings up the delicate dialogue between political and sacred dimensions which are representatives of the ordinary public life in Salvador, Bahia. Afro-Brazilian practices have always survived among other reluctant Christian practices that antagonize with the non-Christians. Mario Cravo Neto has produced his art creating a language that, in religious practices, is very characteristic of Candomblé as a system of belief and practice and that is also a subtle way to deal with a hostile but also curious environment. His photography is a gnostic way to see and interpret the world and its phenomena. In that way, it is through his initiated eyes that he brings up aspects to be both seen and unseen by different publics. This article explores precisely this particularity of Mario Cravo Neto’s work.
Key words: Photography. Candomblé. Sacred.
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