Phakathi Kwezindlela Zokubuka Nokuthula

O Paradoxo do Antropólogo em Campo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/1984-1191.147169

Palavras-chave:

Campo Antropologico, Etnografia, Flanar Antropológico, Reflexões de Campo

Resumo

Neste artigo, eu proponho uma reflexão sobre o paradoxo inerente à minha prática como antropólogo em campo, evidenciando a tensão entre observar e participar, entre traduzir e distorcer a alteridade. Com base nas minhas experiências pessoais vividas no Brasil e na África do Sul, demonstro como a minha presença, marcada por particularidades sensoriais, emocionais e culturais, transforma, simultaneamente, o campo e a mim mesmo. Ao adotar uma abordagem dialógica e imersiva, problematizo a imposição de categorias teóricas pré-estabelecidas para representar o “outro”, enfatizando que o conhecimento antropológico é, por natureza, relacional, híbrido e incompleto. Assim, convido o leitor a repensar os métodos e os limites da etnografia, reconhecendo a minha influência inevitável na produção dos saberes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABU-LUGHOD, Lila. Writing Against Culture. In: FOX, Richard G. (ed.). Recapturing Anthropology: Working in the Present. Santa Fe: School of American Research Press, 1991.

ADORNO, Theodor W. Sobre sujeito e objeto. In: ______. Notas de literatura. Tradução de Jorge de Almeida. São Paulo: Editora 34, 2003. p. 121-133.

BEHAR, Ruth. The Vulnerable Observer: Anthropology That Breaks Your Heart. Beacon Press, 1997.

BENJAMIM, Walter. O Narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Obras Escolhidas. Magia e Técnica. Arte e Magia. Tradução: Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Editora Brasiliense, 7ª edição, 1994.

BHABHA, Homi K. The location of culture. Londres: Routledge, 1994.

CHALMERS, Alan Francis. O que é ciência afinal? Trad. de Raul Fiker. São Paulo, Brasiliense, 1997.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e outros. São Paulo: Editora 34, 1995. v. 1.

FAVRET-SAADA, Jeanne. Ser afetado. 2012.

HABERMAS, Jürgen. Teoria da ação comunicativa: racionalidade da ação e racionalização social. Tradução de Teixeira Coelho. São Paulo: Martins Fontes, 1987. v. 1.

HOUNTONDJI, Paulin J. Conhecimento de África, conhecimento de africanos: ensaios sobre a produção de conhecimento no continente. Tradução de Elisa Larkin Nascimento. Maputo: CODESRIA, 2008.

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Tradução de J. Guinsburg. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

LEVINAS, Emmanuel. Totalidade e Infinito: ensaio sobre a exterioridade. 1. ed. Lisboa: Edições 70, 1980.

MACAMO, Elísio S. A constituição de uma sociologia das sociedades africanas. Maputo: CODESRIA, 2002.

MUDIMBE, Valentin Y. A invenção da África: gnose, filosofia e a ordem do conhecimento. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Editora 34, 2013.

NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 1978.

NASCIMENTO, Beatriz. Kilombo e memória comunitária: um estudo. 2002.

NTARANGWI, Mwenda. Reversed Gaze: An African Ethnography of American Anthropology. University of Illinois Press, 2012.

NYAMNJOH, Francis B. Insiders and Outsiders: Citizenship and Xenophobia in Contemporary Southern Africa. Zed Books, 2006.

PEIRANO, Mariza. Etnografia não é método. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 20, n. 42, p. 377-391, 2014.

RICOEUR, Paul. Soi-même comme un autre. Paris: Seuil, 1990.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2002.

Publicado

2025-07-10

Como Citar

BANDEIRA NETTO, Felipe. Phakathi Kwezindlela Zokubuka Nokuthula: O Paradoxo do Antropólogo em Campo. ILUMINURAS, Porto Alegre, v. 26, n. 71, p. 424–448, 2025. DOI: 10.22456/1984-1191.147169. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/147169. Acesso em: 28 ago. 2025.