ETNOGRAFIAS MULTISSENSORIAIS E MEDIAÇÕES ANTROPOÉTICAS
A experimentação como forma de errância
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.130192Palavras-chave:
Grafias, Etnografia, Multissensorialidade, AntropologiaResumo
Neste artigo tecemos considerações relacionadas às dimensões teórico-metodológicas e práticas que nos mobilizam enquanto pesquisadoras/es do Grupo de Trabalho intitulado: “AntroPoÉticas”[1], vinculado à Associação Latinoamericana de Antropologia (ALA)[2]. A partir de uma perspectiva ecológica, reiteramos a obsolescência da oposição entre razão e sensibilidade, bem como da polaridade entre imagem e texto, som e escrita. A partir de relatos de pesquisas realizadas pelo Grupo, argumentamos que a experimentação conduzida como forma de errância poética é potente tanto para nos colocar em contato com as realidades com as quais desejamos aprender, quanto para mediar os processos de comunicação dos resultados da pesquisa. O artigo mostra, por fim, que as mediações antropoéticas constituem-se como formas potentes de restituição do conhecimento, uma vez que oferecem a pesquisadores/as, interlocutores/as e comunidade mais ampla uma interação multissensorial, que favorece o encontro antropológico.
[1] O GT AntroPoÉticas vinculado a ALA, desde 2022, é coordenado pelas professoras [Anonimato] e pelo professor [Anonimato].
[2] O GT é o desdobramento do Grupo de Pesquisa “AntroPoÉticas” (CNPQ) e possui caráter transdisciplinar, sendo constituído por pesquisadoras/es de diferentes regiões do Brasil e outros países da América Latina, sendo, em sua maioria, antropólogos/as. O projeto cadastrado no CNPQ é coordenado pelas professoras Cláudia Turra Magni, Daniele Borges Bezerra (bolsista do CNPq-PDJ), Patrícia Pinheiro e pelo professor Alexsânder Nakaóka Elias (bolsista do CNPq-PDJ).
Downloads
Referências
APPADURAI, Arjun. A vida social das coisas: As mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2008 [1986].
BATESON, Gregory. Steps to an ecology of mind. Londres: Fontana, 1973.
BLACKING, John. Towardsan Anthropology of the Body. In: Blacking, John. The Anthropology of the Body. London: Academic Press, 1977.
BÖHME, Gernot. Atmosphere as the Fundamental Concept of a New Aesthetics, Thesis Eleven, 1993; 36; p. 113-126.
BRENA, Valentina. Una mirada antropológica: historias de lucha entre la resistencia, la dominación y la liberación candombe es “todo, mi vida… un sentir”. In.: Patrimonio vivo del Uruguay: Relevamiento de Candombe. Montevideo: MEC, 2015.
BOUDREAULT- FOUNIER, Alexandrine; HIKIJI, Rose Satiko; NOVAES, Silvia Caiuby. Etnoficção: uma ponte entre fronteiras In A experiência da imagem na etnografia. BARBOSA et al (Orgs). São Paulo: Terceiro Nome, 2016.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Escrito com o olho – anotações de um itinerário sobre imagens e fotos entre palavras e idéias. In: ECKERT, Cornélia; NOVAES, Caiuby (Org.). O imaginário e o poético nas ciências sociais. Bauru, SP: EDUSC, 2005.
CAPORALETTI, Vincenzo, “Uma musicologia audiotátil”. Trad. de Fabiano A. Costa e Patrícia de S. Araújo, RJMA – Revista de estudos do Jazz e das Músicas Audiotáteis, Caderno em Português, nº 1, CRIJMA – IReMus –Sorbonne Université, Abril 2018, p. 1-17.
CASTRO, Marina Ramos Neves de. A antropologia dos sentidos e a etnografia sensorial: dissonâncias, assonâncias e ressonâncias. Revista de Antropologia. USP, v.64, n.2, 2011. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/186657 . Acesso em jan. de 2023.
CHIESA, Gustavo. Entre espíritos e cientistas: Charles Richet e a busca pelos “fenômenos inabituais”. Interparadigmas, Ano 5, n. 5, 2017.
CLASSEN, Constance. Worlds of senses: exploring the senses in history and across the cultures. New York: Routledge, 1993.
CLASSEN, Constance. Foundations for an anthropology of the senses. International Social Science Journal. UNESCO 1997. Oxford: Blackwell Publishers, 1997. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1468-2451.1997.tb00032.x. Acesso em jan. de 2021.
CLIFFORD, James. Introdução: verdades parciais. In CLIFFORD, James; GEORGE, Marcus. A escrita da cultura: poética e política da etnografia. Tradução: Maria Claudia Coelho. Rio de Janeiro, EdUERJ; Papéis Selvagens, 2016 [1986].
COLLINS, Samuel Gerald; DURINGTON, Matheu; GILL, Harjant. Multimodality: An Invitation. American Anthropologist. v. 119, no. 1, 2017. Disponível em: https://anthrosource.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/aman.12826. Acesso em jan. de 2023.
DATTATREYAN, Ethiraj Gabriel; MARRERO- GUILLAMO, Isaac. Multimodal anthropologies. Introduction: Multimodal Anthropology and the Politics of Invention. American Anthropologist. Special Series: Multimodal Inventions. v.121, no. 1, 2019. Disponível em: https://anthrosource.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/aman.13183. Acesso em jan. de 2023.
DELEUZE, Gilles. GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia 2, vol 1.São Paulo: Editora 34, 2011 [1980].
DELEUZE, Gilles. GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia 2, vol 3. São Paulo: Editora 34, 2012 [1980].
ENTLER, Ronaldo. Poéticas do acaso: acidentes e encontros na criação artística. 2000. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. Acesso em Jan. 2023.
FAVRET-SAADA, Jeanne. Ser Afetado. Cadernos de Campo, n. 13, 2015. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/50263 . Acesso em jan. de 2023.
FEDERICI, Silvia. Re-Enchanting the World: Feminism and the Politics of the Commons, PM Press / Kairos: London, UK, 2018.
FOSTER, Hal. O retorno do real: A vanguarda no final do século XX. São Paulo: Cosac Naify, 2014 [1996].
GIBSON, James J. The ecological approach to visual perception. New York: Psychology Press, 1986.
GONÇALVES, Marco Antonio. O real imaginado: etnografia, cinema e surrealismo em Jean Rouch. Rio de Janeiro: Topbooks, 2008.
GHEIRART, Oziel. O tratado antropoético. 2015. 183f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC- SP), São Paulo, 2015.
HANAUER, David Ian. Mourning Writing: A Poetic Autoethnography on the Passing of My Father. Qualitative Inquiry Vol. 27, n. 1, 2021. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1077800419898500. Acesso em jan, de 2023
HOWES, David. El creciente campo de los estudios sensoriales. Revista Latinoamericana de Estudios sobre Cuerpos, Emociones y Sociedad. vol. 6, n.15, ago;nov, 2014. Disponível em: http://www.relaces.com.ar/index.php/relaces/article/view/319 . Acesso em jan. de 2023.
HOWES, David. (ed). The varieties of sensory experience. Toronto: University of Toronto Press, 1991.
INGOLD, Tim. Da transmissão de representações à educação da atenção. In. Educação. Porto Alegre, v.33, n.1, 2010. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/6777. Acesso em jun. de 2021.
INGOLD, Tim. Antropologia e/como educação. Petrópolis: Vozes, 2020.
INGOLD, Tim. Estar vivo. Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis: Vozes, 2015a.
INGOLD, Tim. O dédalo e o labirinto: caminhar, imaginar e educar a atenção. In: Horizontes Antropológicos v. 21, n. 44, 2015b.
INGOLD, Tim. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. In: Horizontes Antropológicos v. 18, n.37, 2012.
INGOLD, Tim. Worlds of sense and sensing the world: a response to Sarah Pink and David Howes. Social Anthropology/Anthropologie Sociale v.3, n. 19, 2011. Disponível em: https://monoskop.org/images/b/b9/Ingold_Tim_2011_Worlds_of_Sense_and_Sensing_the_World.pdf
INGOLD, Tim. Fazer: Antropologia, arqueologia, arte e arquitetura. Petrópolis, RJ: Vozes, 2022.
INGOLD, Tim. Lines: a brief history Londres e Nova York: Routledge, 2007.
LAPLANTINE, François. Le social et le sensible, introduction à une anthropologie modale. Paris, Téraèdre, 2005, coleção L’anthropologie au coin de la rue, 2005.
LOPERA, Giraldo Martha. Lucía.; TAMAYO, Luis Carlos Toro. Tramitar el pasado. Archivo de derechos humanos y museología viva. Medellín: Fondo Editorial Universidad de
Antioquia. 2018. Disponível em: https://udea.overdrive.com/media/4330076. Acesso em jan. de 2023.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1994 [1962].
MILLER, Daniel. Trecos, Troços e Coisas: Estudos antropológicos sobre a Cultura Material. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
PINK, Sarah. Doing Sensory Ethnography. London: SAGE Publications Ltd, 2009 [2017].
SAMAIN, Etienne. Como pensam as imagens. Campinas: Editora Unicamp, 2012.
SANTOS, Antônio Bispo dos. 2020. Entrevista, por Thiago Mota Cardoso. Coletiva. Disponível em: https://www.coletiva.org/entrevista-antonio-bispo. Acesso em 01/02/2021.
STOLLER, Paul. O gosto das coisas etnográficas: Os sentidos na antropologia. Rio de Janeiro: Papéis selvagens, 2022 [1989].
VALÉRY, Paul. Primeira aula do curso de poética. In: Variedades. Tradução: Maiza Martins de Siqueira. São Paulo: Iluminuras, 1937.
VEDANA, Viviane. Fazer a Feira: estudo etnográfico das "artes de fazer" de feirantes e fregueses da Feira-Livre da Epatur no contexto da paisagem urbana de Porto Alegre. Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social-Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2004.
VEDANA, Viviane. No mercado tem tudo que a boca come. Estudo Antropológico da duração das práticas cotidianas de mercado de rua no mundo urbano contemporâneo. Tese de Doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.
VEDANA, Viviane. Escutar no Som: gravação e edição de etnografias sonoras a partir de um paradigma ecológico. ILHA, v. 20, n. 1, p. 117-144, junho de 2018.
VELHO, Otávio. De Bateson a Ingold: passos na constituição de um paradigma ecológico. Mana, v. 7, n. 2, Out. 2001.
WAGNER, Roy. A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify, 2012 [1975]).
WARBURG, Aby. Atlas Mnemosyne. Tradução de Joaquín Chamorro Mielke. Madrid: Akal- Arte y Estética, 2010.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 ILUMINURAS

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY-NC.
O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a revista, a qual é filiada ao sistema Creative Commons, atribuição CC BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/). O autor é integralmente responsável pelo conteúdo do artigo e continua a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Esta não se compromete a devolver as contribuições recebidas.
O(s) autor(es) que submete (m) artigos para publicação na revista Iluminuras são legalmente responsáveis pela garantia de que o trabalho não constitui infração de direitos autorais, isentando a Revista Iluminuras quanto a qualquer falha quanto a essa garantia.