Metodologias etnográficas subversivas: As poéticas das grafias
Palavras-chave:
AntropoéticaResumo
O lampejo de propor o presente dossiê surgiu a partir da organização do GT “Antropoéticas: outras (etno)grafias”, por nós coordenado na 32ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada em 2020. Tal iniciativa deu continuidade aos encontros, oficinas e publicações (Pinheiro, Magni, Kosby, 2019) desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa Antropoéticas, vinculado ao “Laboratório de Ensino, Pesquisa e Produção em Antropologia da Imagem e do Som” (LEPPAIS/UFPel). Essas atividades tiveram/têm como objetivo reunir pesquisadoras/es que promovam, em suas pesquisas, a relação entre poética e antropologia na composição de uma “antropografia” (Ingold, 2015), levando em conta diferentes metodologias e formas de expressão.
Na 32ª RBA, ao recebermos 44 excelentes resumos, percebemos a necessidade e o grande interesse pela temática. Neste sentido, organizamos um pré-evento intitulado “ABRA”, que contou com a chancela da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e buscou acolher, se não todos, o máximo de trabalhos possível. A partir dessa segunda proposta, buscamos evidenciar, no limite, que os critérios de seleção por nós utilizados não foram somente a qualidade das propostas, mas a viabilidade das apresentações no formato virtual (com vídeos pré-gravados) em contexto de pandemia (idos de 2020), a maior ou menor proximidade com os eixos temáticos do GT e as possibilidades de relacionar e fazer com que os trabalhos dialogassem entre si. O pré-evento contou com a organização de uma exposição virtual (disponível em https://www.antropoeticas.com/gt-antropo%C3%A9ticas), estratégia que se verificou fértil para pensarmos alternativas mais inclusivas de interação em um formato que dá ênfase ao que chamamos de “experiências virtuais-sensoriais” (texturas sonoras, fotografias, desenhos, filmes, escrita, poesia, performances etc.),
Nesse processo, a necessidade de organizar tantas reflexões e experimentações que relacionam o poético, o ético, o experimental e o estético em uma publicação tornou-se urgente. Isto porque, ao pensar, escrever e questionar (e sermos questionados/as por) grafias diversas, sejam elas relacionadas a poesias, colagens, desenhos, bordados, fotografias, arte de rua, vídeos ou outras, as discussões deste coletivo se voltam para tensionamentos e reinvenções do fazer antropológico no contexto contemporâneo, reunindo trabalhos que apontem para uma política da produção de saberes nos quais inscrições do corpo e do cotidiano são parte da textualidade, como sugere Florentina Souza (2005). Desses processos, são percorridas diferentes dimensões do que é dado a perceber, que propiciam um tipo de pensamento (multis)sensorial imbricado sobre os modos com que se percebem as memórias corporais.
Este dossiê tem o intuito, portanto, de expressar as tramas polissêmicas das grafias, potencializando os diálogos entre conhecimentos acadêmicos, conhecimentos populares e suas ressonâncias. Buscamos, ainda, acolher trabalhos que tensionem e debatam os desafios teórico-metodológicos que os diálogos antropoéticos nos trazem, assim como investigações que extrapolem as fronteiras entre pesquisa, ensino e extensão. Assim, pretendemos abrigar tanto contribuições apresentadas no GT “Antropoéticas” quanto no pré-evento “ABRA” - que perpassaram temas diversos, como os efeitos de racismo, machismos, ataques às condições de vida no planeta e ao ensino público, a vida na urbe, musicalidades diversas, grafismos etc. -, mas ampliamos a chamada para outros/as pesquisadores/as que intentam refletir e experimentar diante de novas visibilidades, texturas, montagens e processos multi-interpretáveis.
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Referências
HARAWAY, Donna. 2016. Antropoceno, Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno: fazendo parentes. ClimaCom, ano 3, n. 5, “Vulnerabilidade”, 2016.
INGOLD, Tim. Estar vivo: Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis: Editora Vozes, 2015.
PINHEIRO, Patrícia; MAGNI, Claudia Turra; KOSBY, Marília. Dossiê Antropoéticas: outras (etno)grafias. TESSITURAS: Revista de Antropologia e Arqueologia, v. 7, 413 p., 2019.
SOUZA, Florentina. Afrodescendência em Cadernos negros e Jornal do MNU. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
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