O Funk Proibidão e a polissemia do envolvimento

Autores

  • Dennis Novaes Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.22456/1984-1191.117993

Palavras-chave:

funk proibidão, favela, Estado, envolvimento

Resumo

Um dos estilos musicais mais populares nos bailes de favela do Rio de Janeiro, o funk proibidão é também um dos principais alvos de agentes estatais de repressão e controle. Fruto de pesquisas realizadas entre artistas funkeiros entre os anos de 2014 e 2016, o presente artigo reflete sobre as práticas de Estado nas favelas cariocas e a relação de alteridade que agentes estatais de repressão e controle estabelecem com a juventude favelada. Na primeira seção, apresento um panorama sobre a atuação do Estado em suas margens e sua ligação com o surgimento deste estilo de funk. Em seguida, coloco lado a lado entrevistas com MCs e inquéritos policiais que justificaram a prisão desses artistas. Na terceira seção, argumento que o proibidão deve ser compreendido através de uma noção de “envolvimento” que abarque relações afetivas e territoriais. Por fim, discorro sobre como as vivências destes artistas enquanto moradores de favela são fundamentais para a compreensão do proibidão.

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Biografia do Autor

Dennis Novaes, Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro

Dennis Novaes é doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional/UFRJ e mestre pela mesma instituição. Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília. Foi pesquisador visitante no Departamento de Música da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill. Sua pesquisa de mestrado teve como foco o proibidão, subgênero do funk carioca que aborda a vida no crime. Atualmente dedica-se ao estudo do funk e sociabilidades em favelas cariocas com ênfase nas tecnologias de registro fonográfico e produção musical. Integra o Laboratório em Cultura, Etnicidade e Desenvolvimento (LACED). Também é co-criador do festival Favela Sounds, que reúne artistas de periferia do Brasil e do mundo. No festival seu trabalho é reunir artistas, produtores e ativistas em torno de debates sobre relações de gênero, racismo, economia cultural e diáspora africana.

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Publicado

2021-12-20

Como Citar

NOVAES, D. O Funk Proibidão e a polissemia do envolvimento. ILUMINURAS, Porto Alegre, v. 22, n. 58, 2021. DOI: 10.22456/1984-1191.117993. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/117993. Acesso em: 28 abr. 2025.