O Funk Proibidão e a polissemia do envolvimento
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.117993Palavras-chave:
funk proibidão, favela, Estado, envolvimentoResumo
Um dos estilos musicais mais populares nos bailes de favela do Rio de Janeiro, o funk proibidão é também um dos principais alvos de agentes estatais de repressão e controle. Fruto de pesquisas realizadas entre artistas funkeiros entre os anos de 2014 e 2016, o presente artigo reflete sobre as práticas de Estado nas favelas cariocas e a relação de alteridade que agentes estatais de repressão e controle estabelecem com a juventude favelada. Na primeira seção, apresento um panorama sobre a atuação do Estado em suas margens e sua ligação com o surgimento deste estilo de funk. Em seguida, coloco lado a lado entrevistas com MCs e inquéritos policiais que justificaram a prisão desses artistas. Na terceira seção, argumento que o proibidão deve ser compreendido através de uma noção de “envolvimento” que abarque relações afetivas e territoriais. Por fim, discorro sobre como as vivências destes artistas enquanto moradores de favela são fundamentais para a compreensão do proibidão.Downloads
Referências
ABREU, Mauricio. A Evolução Urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Zahar, 1987.
BAKER, Eduardo. Ensaio por uma Criminologia Perspectivista. Rio de Janeiro, UERJ, 2013 (Dissertação de Mestrado).
BIRMAN, Patricia. Favela é comunidade? In: SILVA, L.A. Machado da (org). Vida sob cerco: violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, FAPERJ/Nova fronteira, 2008.
BOURDIEU, Pierre. Espíritos de Estado: Gênese e Estrutura do Campo Burocrático. In: Razões Práticas: sobre a teoria da ação. Campinas, Ed. Papirus, 1996.
BRANDÃO, Junito de Souza. Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega. Petrópolis, Ed. Vozes, 1991.
BURGOS, M. B. Dos parques proletários ao Favela-Bairro: as políticas públicas nas favelas do Rio de Janeiro. In: ZALUAR, A. e ALVITO, M. (org). Um século de Favela. Rio de Janeiro, FGV, 2003.
CACERES, Guillermo; FERRARI, Lucas; e PALOMBINI, Carlos. “A era Lula/Tamborzão: política e sonoridade”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros 58, 2014.
CECCHETTO, Fátima. As galeras funk cariocas: entre o lúdico e o violento. In: VIANNA, Hermano (org.), Galeras cariocas: territórios de conflitos e encontros sociais. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 1997.
CYMROT, Danilo. “Proibidão” de Colarinho-Branco. In: BATISTA, Carlos Bruce. (org). Tamborzão: olhares sobre a criminalização do funk. Rio de Janeiro, Ed. Revan, 2013.
DAS, Veena e POOLE, Deborah. The State and Its Margins. In: Anthropology and the Margins of the State. New Mexico, School of American Research Press, 2004.
ESSINGER, Silvio. Batidão: uma história do funk. Rio de Janeiro, Ed. Record, 2005.
FACINA, Adriana. Que Batida é Essa? In: CASTRO, André e HAIAD, Juliana (org). Funk, que Batida é Essa? Rio de Janeiro, Ed. Aeroplano, 2010.
FACINA, Adriana e PALOMBINI, Carlos. O Patrão e a Padroeira: festas populares, criminalização e sobrevivências na Penha, Rio de Janeiro. Revista Mana, 2018.
FACINA, Adriana e PASSOS, Pâmella. “Baile Modelo!”: Reflexões Sobre Práticas Funkeiras em Contexto de Pacificação. VI Seminário Internacional de Políticas Culturais. Rio de Janeiro, Fundação Casa de Rui Barbosa, 2015
FARIAS, Juliana. Governo das Mortes: uma etnografia da gestão de populações de favelas no Rio de Janeiro. Tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia – IFCS/UFRJ, 2014
FLAUZINA, Ana e PIRES, Thula. Políticas da morte: Covid-19 e os labirintos da cidade negra. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília. v.10, n.2, p. 66-84, 2020.
HERSCHMANN, Micael. Mídia e culturas juvenis: o caso da glamourização do funk nos jornais cariocas. In: MENEZES, Philadelpho. Signos plurais: mídia, arte, cotidiano na globalização. São Paulo, Ed. Experimento, 1997.
____________________. O funk e o hip-hop invadem a cena. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 2000.
HOUAISS, Instituto Antonio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Ed. Objetiva, 2001.
LEITE, Márcia Pereira. Da “metáfora da Guerra” ao projeto de “pacificação”: favelas e políticas de segurança pública no Rio de Janeiro. In: Revista Brasileira de Segurança Pública, v. 6, n. 2, ago/set 2012, p. 374-389
LOPES, Adriana Carvalho. A favela tem nome próprio: a (re)significação do local na linguagem do funk carioca. In: Revista Brasileira de Linguística Aplicada, vol. 9, N°2.
Belo Horizonte, 2009.
______________________. Funk-se quem quiser: no batidão negro da cidade carioca. Rio de Janeiro: Ed. Bom Texto, 2011.
MATTOS, Carla dos Santos. No Ritmo Neurótico: cultura funk e performances ‘proibidas’ em contexto de violência no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UERJ, 2006 (Dissertação de Mestrado)
________________________. Viver nas Margens: gênero, crime e regulação de conflitos. Rio de Janeiro, UERJ, 2014 (Tese de Doutorado).
MITCHELL, Timothy. Society, Economy and the State Effect. In: SHARMA, Aradhana; GUPTA, Akhil (eds). The Anthropology of the State: a Reader. MA, USA, Blackwell Publishing, 2006.
NOVAES, Dennis. Funk Proibidão: Música e Poder nas Favelas Cariocas. Rio de Janeiro, UFRJ/Museu Nacional, 2016. (Dissertação de Mestrado)
_______________. Nas redes do batidão: técnica, produção e circulação musical no funk carioca. Rio de Janeiro, UFRJ/Museu Nacional, 2020. (Tese de Doutorado)
NOVAES, Dennis; PALOMBINI, Carlos. O labirinto e o caos: narrativas proibidas em um subgênero do funk carioca. In: FACINA, Adriana; SILVA, Daniel N.; LOPES, Adriana (Orgs). Nó em pingo d’água: sobrevivência, cultura e linguagem. Rio de Janeiro: Ed. Mórula, 2019.
OLIVEIRA, João Pacheco de. Pacificação e Tutela Militar na Gestão de Populações e Territórios. In: Revista Mana, vol 20 (1). Rio de Janeiro, 2014.
PALOMBINI, Carlos. Como tornar-se difícil de matar: Volt Mix, Tamborzão, Beatbox. Comunicação apresentada no II Simpósio de Pesquisadores do Funk Carioca. Rio de Janeiro, 2015.
RELATÓRIO SAGMACS. In: MELLO, Marco Antonio da Silva et al (org). Favelas Cariocas Ontem e Hoje. Rio de Janeiro, Garamond, 2012.
SANTOS, Carlos Nelson Ferreira dos. Movimentos Urbanos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Zahar, 1981
MACHADO DA SILVA, Luiz Antonio. A partir do relatório SAGMACS: as favelas, ontem e hoje. In: MELLO, Marco Antonio da Silva et al (org). Favelas Cariocas Ontem e Hoje. Rio de Janeiro, Garamond, 2012.
SOUZA LIMA, Antônio Carlos de. O exercício da tutela sobre os povos indígenas no Brasil: um itinerário de pesquisa e algumas considerações sobre as políticas indigenistas no Brasil contemporâneo. In: SOUZA LIMA, Antonio Carlos (org). Tutela: Formação de Estado e tradições de gestão no Brasil. Rio de Janeiro, E-papers, 2014.
VIANNA, Adriana e FARIAS, Juliana. A guerra das mães: dor e política em situações de violência institucional. In: Cadernos Pagu. Campinas, julho-dezembro de 2011.
VIANNA, Hermano. O Baile Funk Carioca: Festas e Estilos de Vida Metropolitanos. (Dissertação de Mestrado) PPGAS/UFRJ, 1987.
WACQUANT, Loïc. As duas faces do gueto. Trad. Paulo Cezar Castanheira. São Paulo, Ed. Boitempo, 2008.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY-NC.
O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a revista, a qual é filiada ao sistema Creative Commons, atribuição CC BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/). O autor é integralmente responsável pelo conteúdo do artigo e continua a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Esta não se compromete a devolver as contribuições recebidas.
O(s) autor(es) que submete (m) artigos para publicação na revista Iluminuras são legalmente responsáveis pela garantia de que o trabalho não constitui infração de direitos autorais, isentando a Revista Iluminuras quanto a qualquer falha quanto a essa garantia.