Censura à arte como supressão da esfera pública: algumas observações filosóficas sobre 'artivismo', política e dissidências sexuais e de gênero.
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.116362Resumo
Resumo
O artigo trata da questão da censura à arte no contexto brasileiro recente, enfocando aqueles casos em que o ato censório foi motivado por uma tentativa de supressão das dissidências – pela via da arte – à normatização da perspectiva binária para a compreensão da identidade de gênero e da perspectiva heterossexual para a compreensão da sexualidade. O caso da exposição Bio-I do artista David Ceccon, em 2019, será escolhido como paradigma para a investigação da questão de censura sobretudo por ter gerado um relevante debate público por meio de uma constelação discursiva (cobertura jornalística, textos de opinião, reflexivos, comentários públicos, etc.) que analisaremos, sobretudo, porque entre eles aparecem enunciados pró-censura. Dado o potencial de agenciamento das pautas LGBTQIA+ pela arte, ela ingressa, ao aparecer publicamente, numa franca disputa pelo espaço social e público que analisaremos, sobretudo, a partir de Arendt (2007) e Rancière (2009 e 2019).
Palavras-chave: Censura artística. Artes Visuais. Filosofia da Arte. Política. Rancière. Arendt.
Downloads
Referências
ARENDT, Hannah. A condição humana. São Paulo: Forense Universitária, 2007.
AUGÉ, Marc. Não lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas: Editora Papirus, 2012.
AUGÉ, Marc. El sentido de los otros. Actualidad de la antropología. Buenos Aires: Paidós, 1996.
AZIZE, Rafael. “A falácia do antiintencionalismo”. Cognitio: Revista de Filosofia, volume 1, número 2, 2001. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/cognitiofilosofia/article/view/13479. Acesso em: 30.06.2021.
BECKER, Howard. Art Worlds. Berkeley e Los Angeles: University of California Press, 1982.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Porto Alegre: L & PM, 2018.
BOURDIEU, Pierre. Questions de Sociologie. Paris: Minuit, 2002.
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2009.
CANDIDO, Antonio. Literatura & Sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2014.
CARROLL, Noël. Beyond Aesthetics. Cambridge: CUP, 2001.
CASTILHO COSTA, Maria Cristina; SOUSA JR., Walter de. “Censura e pós-censura: uma síntese sobre as formas clássicas e atuais de controle da produção artística nacional”. Políticas culturais em revista. Salvador, v. 11, n. 1, pp. 19–36, jan./jun. 2018. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/pculturais/issue/view/1586. Acesso: 30.06.2021.
COLLING, Leandro. “A emergência dos artivismos das dissidências sexuais e de gêneros no Brasil da atualidade”. Revista Sala Preta, volume 18, número 1, 152 – 167. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/125684. Acesso em: 30.06.2021.
DE OLIVEIRA, Juliana Proenço. Contextos de Censura às Artes Visuais no Brasil: duas Aproximações. Arte e Ensaios, Rio de Janeiro, PPGAV-UFRJ, vol. 26, n. 40, p. 201-215, jul./dez. 2020. Disponível em:<http://revistas.ufrj.br/index.php/ae>
FREEMUSE. Acesso em: 02/11/2019. Disponível em: https://freemuse.org/
FREIRE, Cristina. Arte conceitual. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
GOMBRICH, Ernst. Art and Illusion. Londres: Phaidon, 1960.
GULLAR, Ferreira. Argumentação Contra a Morte da Arte. Rio de Janeiro: Editora Revan, 1997.
HEINICH, Nathalie & SHAPIRO, Roberta. When is Artification?. In Contemporary Aesthetics, volume 4, 2012. Disponível em: < https://digitalcommons.risd.edu/liberalarts_contempaesthetics/vol0/iss4/9/>. Acesso em: 05.11.2020.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. São Paulo: Editora Vozes, 2015.
LIPPARD, Lucy. Changing: Essays in Art Criticism. Nova Iorque: Dutton Publisher, 1971.
KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2011.
LUHMANN, Niklas. Art as a social system. California: Stanford University Press, 2000.
LEFEBVRE, Henry. The production of space. Oxford: Blackwell, 1991.
MAUTONE, Guilherme. Intenção & contexto : por uma reorientação intencionalista e contextualista da estética e da filosofia da arte no elogio da arte contemporânea. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Tese de doutorado. 2021. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/220585
MAUTONE, Guilherme. Por que respeitar a arte? In Jornal Zero Hora, Porto Alegre: 03 a 02 de agosto de 2019. Impresso e online. Acesso em: 02/11/2019. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/noticia/2019/08/por-que-respeitar-a-arte-retirada-de-escultura-de-exposicao-provoca-debate-sobre-o-autoritarismo-que-direciona-o-olhar-e-impede-o-dialogo-cjysuxfmo00qz01ms5o1ttoid.html
NONADA – Jornalismo Travessia. Observatório da censura à arte. Disponível em: http://www.censuranaarte.nonada.com.br/. Acesso em: 30.06.2021.
RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível – estética e política. São Paulo: Editora 34, 2019.
RANCIÈRE, Jacques. Da política à estética. Tradução de Luiz Baez. In Revista ALCEU, volume 20, número 38, janeiro a julho de 2019.
ROLNIK, Sueli. “Desentranhando futuros”. FREIRE, Cristina; LONGONI, Ana (Org.). Conceitualismos do Sul / Sur. São Paulo: Annablume; USP-MAC; AECID, 2009, pp. 155–164.
SONTAG, Susan. Under The Sign of Saturn. Nova Iorque: Farrar, Straus & Giroux, 1981.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY-NC.
O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a revista, a qual é filiada ao sistema Creative Commons, atribuição CC BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/). O autor é integralmente responsável pelo conteúdo do artigo e continua a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Esta não se compromete a devolver as contribuições recebidas.
O(s) autor(es) que submete (m) artigos para publicação na revista Iluminuras são legalmente responsáveis pela garantia de que o trabalho não constitui infração de direitos autorais, isentando a Revista Iluminuras quanto a qualquer falha quanto a essa garantia.