Um fazer arte-etnográfico: memórias de mulheres num espaço de co-criação e afetos
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.111946Keywords:
Memória Coletiva, Estudos EtnográficosAbstract
Este artigo tem como objetivo principal apresentar o modo como a dissertação “Da caixa de música ao perfume, tudo é tesouro! Estudo etnográfico sobre mulheres em processo de envelhecimento e seus objetos de penteadeira na região do Vale do Rio dos Sinos/RS” foi elaborada, numa relação entre etnografia e arte, sendo construída como livro do artista-etnógrafo. Além das narrativas, a participação das parceiras desta pesquisa deu-se através de pinturas, desenhos, bordados, colagens, dentre outras práticas artísticas. As imagens elaboradas são mediadoras de passagens revividas durante a pesquisa onde corpos, objetos e histórias foram narrados numa rede de construção de significados e de conhecimento coletivo. As análises dessa troca de imagens, afetos e memórias, presentes nas interações da pesquisadora e suas interlocutoras resultaram na escritura de uma pesquisa arte-etnográfica a muitas mãos, sendo fruto de um processo criativo e social de colaboração e co-produção de conhecimento.
Palavras-chave: Arte. Co-criação. Colaboração. Conhecimento. Etnografia.
DOING ETHNOGRAPHIC ART: MEMORIES OF WOMEN IN A SPACE OF CO-CREATION AND AFFECT
Abstract: This article's main objective is to present how the dissertation “From the music box to perfume, everything is treasure! Ethnographic study of women in the aging process and their dressing objects in the Vale do Rio dos Sinos / RS region” was elaborated, in a relationship between ethnography and art, being built as a book by the artist-ethnographer. In addition to the narratives, the participation of the partners in this research took place through paintings, drawings, embroidery, collages, among other artistic practices. The images produced are mediators of passages revived during the research where bodies, objects and stories were narrated in a network of construction of meanings and collective knowledge. The analysis of this exchange of images, affections and memories, present in the interactions of the researcher and her interlocutors, resulted in the writing of an art-ethnographic research to many hands, being the result of a creative and social process of collaboration and co-production of knowledge.
Keywords: Art. Co-creation. Collaboration. Knowledge. Ethnography.
Downloads
References
BARROSO, Priscila Farfan; LOPO, Rafael; ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; VEDANA, Viviane. As fontes escritas do pensamento antropológico, seus dilemas e desafios - um ensaio. Iluminuras, Porto Alegre, v. 9, n. 21, p. 1-23, 2008a.
BARROSO, Priscila Farfan; LOPO, Rafael; ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; VEDANA, Viviane. A desterritorialização dos saberes e fazeres antropológicos e o desentendimento no corpo de verdade da letra. Iluminuras, Porto Alegre, v. 9, n. 22, p. 1-23, 2008b.
BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. Lisboa, Relógio D’água, 1991.
BENJAMIN, Walter. Imagens do pensamento: Desempacotando minha biblioteca. In: BENJAMIN, Walter. Rua de Mão Única. Obras escolhidas, Vol. II. São Paulo, Ed Brasiliense, 1987, p. 143-277.
BOURDIEU. Pierre. Homo academicus. Florianópolis, Ed. da UFSC, 2011a.
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2011b.
COLLING, Sandra Maria Costa dos Passos Colling. Da caixa de música ao perfume, tudo é tesouro! Estudo etnográfico sobre mulheres em processo de envelhecimento e seus objetos de penteadeira na região do Vale do Rio dos Sinos/RS. Dissertação (Mestrado em Processos e Manifestações Culturais). Universidade Feevale. Novo Hamburgo, 2019.
ECKERT, Cornelia e ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. Cidade narrada, tempo vivido: estudos de etnografias da duração. Revista RUA, Laboratório de Estudos Urbanos, Campinas, n. 16, vol. 1, p. 121-146, junho 2010.
ECKERT, Cornelia e ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. O tempo e a cidade. Porto Alegre, UFRGS Editora, 2005.
ECKERT, Cornelia e ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. A narrativa e a captura do movimento da vida vivida. Iluminuras, Porto Alegre, v. 5, n. 9, p. 1-19, 2004.
ECKERT, Cornelia e ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. Etnografia: saberes e práticas. In: Céli Regina Jardim Pinto e César Augusto Barcellos Guazzelli. (Org.). Ciências Humanas: pesquisa e método. Porto Alegre, Editora da Universidade, 2008, p. 9-24.
MEJÍA, Rafael Estrada. Etnografia, cartografia e devir: potencialidades da escritura nas pesquisas antropológicas contemporâneas. In: DIAS, Adriana et al. Vidas & grafias: narrativas antropológicas, entre biografia e etnografia. Rio de Janeiro, Lamparina & FAPERJ, 2015, p. 90-110.
FERNANDES, Daniel dos Santos. Benedictu Placere: uma campanha na Amazônia Paraense. Tese (Doutorado) Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal do Pará. Belém, 2008.
FISCHER, Ernest. A necessidade da arte. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1983.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo, Martins Fontes, 2007.
FOUCAULT, Michel. Estética: literatura e pintura, música e cinema. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2001.
GOMBRICH, Ernst. Arte e Ilusão. São Paulo, Martins Fontes, 1960.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo, Centauro, 2003.
HIKIJI, Rose Satiko Gitirana. Rouch compartilhado: premonições e provocações para uma antropologia contemporânea. Iluminuras, Porto Alegre, v. 14, n. 32, p. 1-10, 2013.
KRAUSS, Rosalind E. Caminhos da escultura moderna. São Paulo, Martins Fontes, 2007.
LEITE, Miriam Moreira. Retratos de família: leitura da fotografia histórica. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2001.
MAGNANI, José G. C. De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 17, n. 49, p. 11-29, 2002.
MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo, Cosac Naify, 2015.
RANCIÈRE, Jacques. Políticas da Escrita. São Paulo, Editora 34, 1995.
RANCIÈRE, Jacques. O desentendimento. São Paulo, Editora 34, 1996.
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. Tecnologias Audiovisuais na Construção de Narrativas Etnográficas, um percurso de investigação. Campos Revista de Antropologia, Curitiba, [S.l.], v. 4, p. 113-134, dez. 2003.
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da e ECKERT, Cornelia. Antropologia em outras linguagens: considerações para uma etnografia hipertextual. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 31, n. 90, p. 71-84, fev. 2016 .
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da e CERVO, Matheus. Antropologia em outras linguagens: experiências com o projeto “O Livro do Etnógrafo”. Tessituras: Revista de Antropologia e Arqueologia, Pelotas, v. 7, n. 2, p. 213-241, 2019.
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da. Antropologia das formas sensíveis: entre o visível e o invisível, a floração de símbolos. Horizontes Antropológicos. Porto Alegre, Ano 1, v. 2, 1995.
ROCHA, Ana Luiza Carvalho da e ECKERT, Cornelia. Projetos, desafios e consolidação de uma linha de pesquisa no Brasil: antropologia audiovisual. In: LANDA, Mariano Báez e ALVAREZ, Gabriel O. (org.). Olhar in(com)formado: teorias e práticas na antropologia visual. Goiânia, Editora da Imprensa Universitária, 2017. p. 25-101.
RICOUER, Paul. Tempo e narrativa 2: A configuração do tempo na narrativa de ficção. São Paulo, Editora WMF Martins Fontes, 2010.
SIMMEL, Georg. A natureza sociológica do conflito; a competição; conflito e estrutura de grupo; sociabilidade: um exemplo de sociologia pura ou formal. In: MORAIS FILHO, E. (org.). Simmel. São Paulo, Ática. 1983. p. 122-181.
STRATHERN, Marilyn. O efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo, Cosac Naify, 2014.
WAGNER, Roy. A Invenção da Cultura. São Paulo, Cosac Naify, 2010.
ZAMBONI, Silvio. A pesquisa em Arte: um paralelo entre arte e ciência. Campinas, Autores Associados, 2012.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY-NC.
O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação para a revista, a qual é filiada ao sistema Creative Commons, atribuição CC BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/). O autor é integralmente responsável pelo conteúdo do artigo e continua a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Esta não se compromete a devolver as contribuições recebidas.
O(s) autor(es) que submete (m) artigos para publicação na revista Iluminuras são legalmente responsáveis pela garantia de que o trabalho não constitui infração de direitos autorais, isentando a Revista Iluminuras quanto a qualquer falha quanto a essa garantia.