Habitar no tempo da cidade: um estudo sobre memória e sociabilidade na região do Porto de Pelotas/RS.
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.108304Palavras-chave:
Memória coletiva, Etnografia da Duração, Sociedades ComplexasResumo
A proposta deste trabalho é pensar a realidade do bairro do Porto na cidade de Pelotas, no extremo sul do Brasil. Nosso interesse foi entender a constituição do espaço urbano e dos territórios vividos num contexto em que conjuga o cenário arquitetônico de um bairro industrial e portuário, produzido pela vocação produtiva imaginada para a região pelos fundamentos urbanísticos de meados do século XX, e a nova “vocação” universitária do bairro, constituída pela aquisição de uma série de antigos prédios industriais pela Universidade (UFPel). Julgando a pertinência das narrativas dos habitantes para compreender as práticas dos citadinos na formação da cidade, nossa abordagem se propõe a trabalhar com a biografia de um antigo habitante do bairro, resgatar sua memória e aproximar-se de suas representações do Porto como um bairro agroindustrial. Em conexão com essas memórias, há a incursão etnográfica mostrando a sociabilidade vivida num novo bairro, agora constituído pela interação de antigos habitantes com um vigoroso movimento de jovens universitários. Pensamos que a realidade do bairro do Porto nos ajude a compreender a temporalidade das cidades brasileiras, colocada não sob a singularidade de um tempo único, mas sim sob a pluralidade dos corpos vividos e dos múltiplos acontecimentos que engendram a materialidade e o “espírito” de um lugar. Desta forma, habitar no tempo da cidade, é perceber sobretudo, a duração das narrativas ambientadas no bairro, assim como a própria consolidação temporal dos habitantes.
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