A UTOPIA FUTURISTA DE JOGADOR NÚMERO UM: escapismo romântico em uma sociedade tecnocrática
Palavras-chave:
Utopia. Distopia. Escapismo. Tecnocracia.Resumo
O romance Jogador Nº 1, de Ernest Cline, é uma espécie de utopia futurista em que as pessoas finalmente conquistaram sua Cidade do Sol, sua Nova Atlântida e, por que não, sua Utopia. Nesse mundo em que a tecnologia evoluiu de forma ímpar, é possível uma sinestesia que desloca sua mente e seu corpo para outros universos, tanto similares ao mundo real quanto aqueles que fazem parte da literatura, do cinema e dos games. Dentro dessa sociedade tecnocrática, temos contato com tudo que poderíamos desejar, fazendo-nos esquecer que existe um mundo com sensações e pessoas feitas de carne e osso fora do Oasis. A partir dos conceitos de escapismo romântico de obras clássica da literatura brasileira, da ideia de técnica e sociedades calcadas nessa dimensão política e social, sobretudo a partir das noções do Ortega y Gasset, chegamos a uma análise mais cuidados do livro de Cline, que, muito de longe, é apenas uma obra de entretenimento. A obra pode ser encarada a partir das ideias de sociedades ideais sobre as quais Campanella, Morus e Bacon pensaram entre os séculos XVI e XVII, chegando ao nosso futuro com o Oasis, um mundo em que você não só poderia ser quem desejasse como também deixar de ser quem não desejasse. A obra sofre também um atravessamento na ideia de self que está presente em diversos autores, mas que podemos tratar a partir do olhar de uma psicanalista estadunidense que também dialoga com a tradição, Nancy McWilliams.