A PRESENÇA PÚBLICA DA IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS NOS GOVERNOS PETISTAS (2003-2016)

Resumo

A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), a maior denominação neopentecostal do Brasil, há décadas chama atenção dos cientistas sociais, entre outras razões, por seu expressivo crescimento na política institucional do país. Curiosamente, faltam estudos que abordem a mais extensa aliança política da IURD a nível federal: sua coligação com o Partido dos Trabalhadores (PT), período em que a igreja alcançou espaços inéditos em seus empreendimentos públicos. Diante disso, este trabalho teve como objetivo investigar a presença pública da IURD durante os governos petistas (2003-2016). Procuramos entender a atuação da IURD como processo de “dispersão do religioso” (BURITY, 2015) e  a abordagem do tema seguiu uma perspectiva antropológica-histórica, atentando para a investigação de como a igreja foi expandindo seus espaços na esfera pública ao longo de sua aliança com o PT. Com dados coletados através de uma pesquisa documental empreendida, principalmente, nos meios de comunicação oficiais da IURD no período em questão, expomos e analisamos o encadeamento de algumas das práticas públicas traçadas pela igreja que, feitas com o objetivo de ocupar a centralidade do poder (CAMPOS; SOUZA, 2020), aprofundaram seus espaços na política nacional através da coligação com o PT. A análise desta aliança foi capaz de indicar caminhos investigativos interessantes sobre a atuação política da Igreja Universal, tema que deve reunir atenção de mais pesquisadores para avançarmos na compreensão do projeto de domínio de espaços que o movimento neopentecostal (do qual a IURD é representante exemplar) têm tido êxito em ocupar na esfera pública brasileira.