Vozes da memória: a supraliteratura de Svetlana Aleksiévitch

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.22456/2236-6385.101081

Mots-clés :

Svetlana Aleksiévitch, Vozes de Tchernóbil, memória, trauma.

Résumé

A obra da escritora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, vencedora do prêmio Nobel de Literatura em 2015, é singular: autor e coletividade dividem a autoria de um romance mosaico. Seus livros são compostos por pequenas histórias, monólogos reflexivos e testemunhos coletivos de momentos tão extremos da experiência humana que convencem o leitor apenas pois ele os sabe reais. É a realidade enquanto gênero literário. Pretende-se, neste artigo, analisar essa reelaboração literária da memória proposta por Svetlana a partir da obra Vozes de Tchernóbil (2016b); refletir sobre como a obra ecoa o modelo historiográfico proposto por teóricos como Walter Benjamin (1958a; 1985b) e Dominick LaCapra (2008); e elaborar, brevemente, o gênero literário que dá suporte a esse empreendimento, chamado pela autora Romance de Vozes.

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Biographie de l'auteur-e

Júlia Campos Lucena, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Licenciada em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2017). Mestranda em Estudos Literários pela mesma universidade (2018-2020). Bolsista CAPES.

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Publié-e

2020-08-19

Comment citer

CAMPOS LUCENA, J. Vozes da memória: a supraliteratura de Svetlana Aleksiévitch. Cadernos do IL, [S. l.], n. 60, p. 156–174, 2020. DOI: 10.22456/2236-6385.101081. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/cadernosdoil/article/view/101081. Acesso em: 3 mai. 2025.

Numéro

Rubrique

Artigos de estudos literários