Mobilidade, compadrio e clientela no Antigo Regime: interações entre escravas, forras e elites na Comarca de Vila Rica, século XVIII

Autores

  • Ana Paula Pereira da Costa Professora na Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.76771

Palavras-chave:

Compadrio, Mobilidade social, Escravas, Forras, Elites coloniais

Resumo

Neste artigo busca-se apresentar algumas reflexões sobre a construção de redes clientelares feitas entre a elite local da comarca de Vila Rica na primeira metade do século XVIII com escravas e forras estabelecidas através do amadrinhamento que teciam com os cativos (adultos e crianças) pertencentes aos membros dessa elite. Tomaremos como estudo de caso a escravaria do mestre-de-campo Antônio Ramos dos Reis, homem de destacado poder econômico e político na região. Pretende-se ainda revelar como as redes clientelares intermediadas pelo compadrio proporcionavam a essas mulheres escravas e forras alcançar elementos considerados pela historiografia mais recente sobre o período colonial brasileiro como fulcrais para se pensar perspectivas de mobilidade social (não só econômica, mas também, social) entre os grupos subalternos em uma sociedade escravista e de Antigo Regime.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Paula Pereira da Costa, Professora na Universidade Federal de Juiz de Fora

Professora na UFJF

Referências

ALMEIDA, Carla Maria de Carvalho de. Homens ricos, homens bons: produção e hierarquização social em Minas colonial, 1750-1822. 2001. Tese (Doutorado em História) – Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2001.

BEUNZA, José María Imízcoz. Comunidad, red social y élites: un análisis de la vertebración social en el Antiguo Régimen. In: BEUNZA, José María Imízcoz (org.). Elites, poder y red social: las élites del País Vasco y Navarra en la Edad Moderna. Bilbao: Universidad del País Vasco, 1996.

BRÜGGER, Silva Maria Jardim. Minas Patriarcal: família e sociedade (São João Del Rei – Séculos XVIII e XIX). São Paulo: Annablume, 2007.

ENGEMANN, Carlos. Da comunidade escrava e suas possibilidades, séculos XVII-XIX. In: FLORENTINO, Manolo (org.). Tráfico, cativeiro e liberdade: Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

FARIA, Sheila de Castro. Francisca Maria Teresa e as sinhás pretas no Brasil colonial. In: VAINFAS, Ronaldo; SANTOS, Georgina; NEVES, Guilherme Pereira das. Retratos do Império: trajetórias individuais no mundo português nos séculos XVI a XIX. Niterói: Eduff, 2006.

FIGUEIREDO, Luciano. O avesso da memória: cotidiano e trabalho da mulher em Minas Gerais no século XVIII. Rio de Janeiro: José Olympio; Brasília: Edunb, 1993.

FIGUEIREDO, Luciano. Mulheres nas Minas Gerais. In: PRIORE, Mary Del (org.). História das mulheres no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1997.

FLORENTINO, Manolo; GÓES, José Roberto. A paz das senzalas: famílias escravas e tráfico atlântico, Rio de Janeiro c. 1790 – c. 1850. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997.

FRAGOSO, João. Alternativas metodológicas para a história econômica e social: micro-história italiana, Fredrik Barth e a história econômica colonial. In: ALMEIDA, Carla Maria Carvalho de; OLIVEIRA, Mônica Ribeiro de (org.). Nomes e números: alternativas metodológicas para a história econômica e social. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2006.

FRAGOSO, João. O capitão João Pereira Lemos e a parda Maria Sampaio: notas sobre hierarquias rurais costumeiras no Rio de Janeiro do século XVIII. In: ALMEIDA, Carla Maria Carvalho de; OLIVEIRA, Mônica Ribeiro de (org.). Exercícios de micro-história. Rio de Janeiro: FGV, 2009.

FRAGOSO, João. Capitão Manuel Pimenta Sampaio, senhor do engenho do Rio Grande, neto de conquistadores e compadre de João Soares, pardo: notas sobre uma hierarquia social costumeira (Rio de Janeiro, 1700-1760). In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima (org.). Na trama das redes: política e negócios no império português, séculos XVI a XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

FRAGOSO, João; GUEDES, Roberto; KRAUSE, Thiago (org.). A América portuguesa e os sistemas atlânticos na Época Moderna. Rio de Janeiro: FGV, 2013.

FRAGOSO, João. Elite das senzalas e nobreza da terra numa sociedade rural do Antigo Regime nos trópicos: Campo Grande (Rio de Janeiro), 1704-1741. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima (org.). O Brasil colonial 1720-1821. v. 3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014a.

FRAGOSO, João; GUEDES, Roberto; SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de (org.). Arquivos paroquiais e história social na América Lusa, séculos XVII e XVIII: métodos e técnicas de pesquisa na reinvenção de um corpus documental. Rio de Janeiro: Mauad X, 2014.

FRAGOSO, João. Apontamentos para uma metodologia em História Social a partir de assentos paroquiais (Rio de Janeiro, séculos XVII e XVIII). In: FRAGOSO, João; GUEDES, Roberto; SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de (org.). Arquivos paroquiais e história social na América Lusa, séculos XVII e XVIII: métodos e técnicas de pesquisa na reinvenção de um corpus documental. Rio de Janeiro: Mauad X, 2014b.

FRANCO, Francisco de Assis Carvalho. Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: USP, 1989.

FREIRE, Jonis. Compadrio em uma freguesia escravista: Senhor Bom Jesus do Rio Pardo (MG) (1838-1888). In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 14., 2004, Caxambu. Anais [...].Caxambu: ABEP, 2004.

FURTADO, Júnia Ferreira. Pérolas negras: mulheres livres de cor no Distrito Diamantino. In: FURTADO, Júnia Ferreira (org.). Diálogos oceânicos: Minas Gerais e as novas abordagens para uma história do Império ultramarino português. Belo Horizonte: UFMG, 2001.

FURTADO, Júnia Ferreira. Chica da Silva e o Contratador de Diamantes: o outro lado do mito. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

GUDEMAN, Stephen; SCHWARTZ, Stuart B. Purgando o pecado original: compadrio e batismo de escravos na Bahia no século XVIII. In: REIS, João José (org.). Escravidão e invenção da liberdade: estudos sobre o negro no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1988.

GUEDES, Roberto; SOARES, Márcio de Sousa. Tensões, comportamentos, e hábitos de consumo na sociedade senhorial da América portuguesa. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima (org.). O Brasil colonial 1720-1821. v. 3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.

HAMEISTER, Martha Daisson. Para dar calor à nova povoação: estudo sobre estratégias sociais familiares a partir de registros batismais da Vila do Rio Grande (1738-1763). 2006. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

HESPANHA, António Manuel; XAVIER, Ângela Barreto. As Redes Clientelares. In: HESPANHA, António Manuel (org.). História de Portugal: o Antigo Regime. v. 4. Lisboa: Estampa, 1998.

KRAUSE, Thiago. Compadrio e escravidão na Bahia seiscentista. In: FRAGOSO, João; GUEDES, Roberto; SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de (org.). Arquivos Paroquiais e História Social na América Lusa, séculos XVII e XVIII: métodos e técnicas de pesquisa na reinvenção de um corpus documental. 1. ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2014.

LARA, Sílvia Hunold. Campos da Violência: escravos e senhores na Capitania do Rio de Janeiro, 1750-1808. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

LIMA, Carlos. Escravos de Peleja: a instrumentalização da violência escrava na América portuguesa (1580-1850). Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 18, p. 131-152, jun. 2002.

MACHADO, Cacilda. As muitas faces do compadrio de escravos: o caso da freguesia de São José dos Pinhais (PR), na passagem do século XVIII para o XIX. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 26, n. 52, p. 49-77, 2006.

MACHADO, Cacilda. A trama das vontades: negros, pardos e brancos na produção da hierarquia social do Brasil escravista. Rio de Janeiro: Apicuri, 2008.

MAIA, Moacir Rodrigo de Castro. O apadrinhamento de africanos em Minas Colonial: o (re)encontro na América (Mariana, 1715-1750). Revista Afro-Ásia, Salvador, n. 36, p. 39-80, 2007.

MAIA, Moacir Rodrigo de Castro. As relações de parentesco ritual em uma sociedade escravista: compadres, padrinhos e afilhados no cotidiano mineiro da primeira metade do século XVIII. In: SEMINÁRIO SOBRE ECONOMIA MINEIRA, 18., 2008, Belo Horizonte. Anais [...]. Belo Horizonte: Cedeplar-UFMG, 2008.

MONTEIRO, Nuno Gonçalo. As famílias, os indivíduos: casa, casamento e nome. In: MATTOSO, José (org.). História da vida privada em Portugal: a Idade Moderna. Lisboa: Círculo de Leitores; Temas e Debates, 2011.

PAIVA, Eduardo França. Escravos e libertos nas Minas Gerais do século XVIII: estratégias de resistência através dos testamentos. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2000.

PAIVA, Eduardo França. Escravidão e universo cultural na colônia: Minas Gerais, 1716-1789. Belo Horizonte: EDUFMG, 2001.

PAIVA, Eduardo França. Bateias, carumbés, tabuleiros: mineração africana e mestiçagem no Novo Mundo. In: PAIVA, Eduardo França; ANASTASIA, Carla Maria Junho (org.). O trabalho mestiço: maneiras de pensar e formas de viver, séculos XVI a XIX. São Paulo: Annablume; Belo Horizonte: PPGH-UFMG, 2002.

PRIORE, Mary Del. A mulher na história do Brasil. São Paulo: Contexto, 1989.

RAMOS, Donald. Teias sagradas e profanas: o lugar do batismo e compadrio na sociedade de Vila Rica durante o século do ouro. Varia História, n. 31, jan. 2004.

SOARES, Márcio de Sousa. A remissão do cativeiro: alforrias e liberdades nos Campos dos Goitacazes, c.1750 – c.1830. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2006.

VENÂNCIO, Renato Pinto. Compadrio e rede familiar entre forras de Vila Rica, 1713-1804. In: JORNADA SETECENTISTA, 5., 2003, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: [s.n.], 2003.

Downloads

Publicado

2019-05-24

Como Citar

da Costa, A. P. P. (2019). Mobilidade, compadrio e clientela no Antigo Regime: interações entre escravas, forras e elites na Comarca de Vila Rica, século XVIII. Anos 90, 26, 1–18. https://doi.org/10.22456/1983-201X.76771

Edição

Seção

Artigos