Mobilidade, compadrio e clientela no Antigo Regime: interações entre escravas, forras e elites na Comarca de Vila Rica, século XVIII
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.76771Palavras-chave:
Compadrio, Mobilidade social, Escravas, Forras, Elites coloniaisResumo
Neste artigo busca-se apresentar algumas reflexões sobre a construção de redes clientelares feitas entre a elite local da comarca de Vila Rica na primeira metade do século XVIII com escravas e forras estabelecidas através do amadrinhamento que teciam com os cativos (adultos e crianças) pertencentes aos membros dessa elite. Tomaremos como estudo de caso a escravaria do mestre-de-campo Antônio Ramos dos Reis, homem de destacado poder econômico e político na região. Pretende-se ainda revelar como as redes clientelares intermediadas pelo compadrio proporcionavam a essas mulheres escravas e forras alcançar elementos considerados pela historiografia mais recente sobre o período colonial brasileiro como fulcrais para se pensar perspectivas de mobilidade social (não só econômica, mas também, social) entre os grupos subalternos em uma sociedade escravista e de Antigo Regime.
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