Será que nada vai acontecer? Tempo e melancolia na poética da Legião Urbana
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.74148Palavras-chave:
Legião Urbana, Melancolia, TemporalidadeResumo
O rock nacional ao longo da década de 1980 tornou-se uma importante forma de expressão cultural de massa. Não somente pelo processo de profissionalização da indústria cultural que ampliou significativamente o consumo e a circulação, mas, sobretudo, por reverberar certos anseios e angústias específicas daquela geração. Tendo em vista tal movimento de autonomização e de construção de uma linguagem peculiar, o objetivo deste ensaio é indicar certa sensibilidade sobre o tempo que ganha contorno na poética da banda Legião Urbana (1982-1996) entre 1985 e 1991. Trata-se, portanto, de uma tentativa de articulação entre experiência do tempo e uma estética melancólica, atendo-se aos afetos mobilizados e ao jogo entre esperança e frustração.
Downloads
Referências
ALEKSIÉVITCH, Svetlana. Vozes de Tchernóbil. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
ALEXANDRE, Ricardo. Dias de luta: o rock e o Brasil dos anos 80. Porto Alegre: Arquipélago, 2013.
ARISTÓTELES. O homem de gênio e a melancolia: o problema XXX, I. Tradução do grego para o francês, apresentação e notas: Jackie Pigeaud. Tradução do francês: Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Lacerda, 1998.
BOYM, Svetlana. Mal-estar na nostalgia. Tradução de André de Lemos Freixo e Marcelo Santos de Abreu. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 23, abr. 2017.
FICO, Carlos. Reinventando o otimismo: ditadura, propaganda e imaginário social no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 1997.
_____. Ditadura militar brasileira: aproximações teóricas e historiográficas. Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 9, n. 20, p. 5-74, jan./abr. 2017.
_____. Violência, trauma e frustração no Brasil e na Argentina: o papel do historiador. Topoi, Rio de Janeiro, v. 14, n. 27, p. 239-261, jul./dez. 2013.
GASPARI, Elio. A ditadura derrotada. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
GUMBRECHT, Hans Ulrich. Atmosfera, ambiência, Stimmung: sobre um potencial oculto da literatura. Rio de Janeiro: Contraponto: PUC-Rio, 2014a.
_____. Depois de 1945: latência como origem do presente. São Paulo: Unesp, 2014b.
LEGIÃO URBANA. V. Rio de Janeiro: EMI-Odeon, 1991. LP.
_____. As quatro estações. Rio de Janeiro: EMI-Odeon, 1989. LP.
_____. Que país é este: 1978-1987. Rio de Janeiro: EMI-Odeon, 1987. LP.
_____. Dois. Rio de Janeiro: EMI-Odeon, 1986. LP.
_____. Legião Urbana. Rio de Janeiro: EMI-Odeon, 1985. LP.
MAGI, Érica Ribeiro. Rock and roll é o nosso trabalho: a Legião Urbana do underground ao mainstream. São Paulo: Alameda, 2013.
MARCELINO, Douglas Attila. Subversivos e pornográficos: censura de livros e diversões públicas nos anos 1970. Rio de Janeiro: Ministério da Justiça; Arquivo Nacional, 2011.
MARCELO, Carlos. Renato Russo: o filho da revolução. Rio de Janeiro: Agir, 2012.
NAPOLITANO, Marcos. MPB: a trilha sonora da abertura política (1975/1982). Estudos Avançados, São Paulo, v. 24, n. 69, 2010.
PERALVA, Osvaldo. Feliz ano novo, a sério. Folha de S. Paulo, 2 de janeiro de 1985. Disponível em: http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1985/01/02/21/. Acesso em: 27 maio 2017.
PIGEAUD, Jackie. Metáfora e melancolia: ensaios médico-filosóficos. Rio de Janeiro: PUC-Rio: Contraponto, 2009.
RUSSO, Renato. Só por hoje e para sempre: diário do recomeço. Organização e notas: Leonardo Lichote. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
SAFATLE, Vladimir. O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.
STAROBINSKI, Jean. A tinta da melancolia: uma história cultural da tristeza. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
VILLA-LOBOS, Dado; DEMIER, Felipe Abranches; MATTOS, Romulo Costa. Dado Villa-Lobos: memórias de um legionário. Rio de Janeiro: Mauad X, 2015.