Comunidade e tensão na fronteira agrária paulista (Limeira, década de 1840)

Autores

  • Carlos Alberto Medeiros Lima Departamento de História da Universidade Federal do Paraná/ bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq - nível 2

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.58505

Palavras-chave:

Escravidão, Fronteira agrária, Província de São Paulo, Século XIX, Lavoura canavieira, Cafeicultura

Resumo

O caso de Limeira, SP, e da fronteira Oeste da província durante o segundo quarto do século XIX é útil para capturar uma série de especificidades desse período balizado por fortes mudanças nas condições institucionais para o acesso à terra e à propriedade de escravos, além da instabilidade política. Usam-se listas de habitantes e registros de óbito e batismo para capturar as condições dessa fronteira canavieira que já apresentava sinais de transição para a concentração no café que a caracterizaria mais tarde. Nesse quadro de forte, apesar de acidentado, crescimento da população livre e escrava, o recurso intenso ao tráfico de escravos manifestava-se ao lado de sinais de que contingentes demográficos eram perdidos para áreas mais a Oeste. Combinava-se igualmente com um certo ímpeto de construção comunitária e com a preservação de mecanismos de reprodução de casas senhoriais. Nesse quadro, aprofundava-se a desigualdade entre os livres e minguavam alguns mecanismos de mobilidade social. Paralelamente, aumentava a distância, no terreno das sociabilidades hierárquicas, das pessoas livres frente aos escravos.

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Publicado

2017-05-26

Como Citar

Lima, C. A. M. (2017). Comunidade e tensão na fronteira agrária paulista (Limeira, década de 1840). Anos 90, 23(44), 231–263. https://doi.org/10.22456/1983-201X.58505

Edição

Seção

Artigos