Vida Policial: compreensão civilizadíssima da repressão ao crime e (ou) influência na psycologia dos jovens
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.31033Palavras-chave:
Revista policial, Crime e mídia, Folhetim policialResumo
Este trabalho analisa o conto e o folhetim policiais publicados na revista Vida Policial, editada na cidade do Rio de Janeiro (1925 a 1927). O semanário publicava crônica policial, conto, folhetim, doutrina policial, textos do mundo jurídico, bem como notícias jornalísticas. Os escritos policiais foram meios de construção de tipos de crime e criminoso, ao mesmo tempo foram produtores de um imaginário social que imputava a esse tipo de literatura o estigma de manual do crime. Nos escritos policiais reproduzia-se o que chamamos de educação às avessas, principalmente de jovens e crianças, pois as ações e os personagens imprimiam com a marca do ilegalismo uma forma de combate social mais aceitável e eficaz. As ações e os meios e os de combate ao crime, vistos como modelo ideal, perpetrados por agentes de segurança amadores - os detetives diletantes -, implicam a potência individual do investigador, como Sherlock Holmes, que se consolidou como o super-herói, arquetípico, uma exemplaridade de vigilância, prevenção e segurança.
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