As linguagens da tradição no Benim: poder e religião
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.18933Palavras-chave:
Benim, Século XIII, Origem, Poder, ReligiosidadeResumo
Este artigo diz respeito às origens de Benim, reino tradicional de África, habitado pelo povo Edo, localizado a oeste do Niger, que tem como principal característica a apropriação da religiosidade e de sua mitologia, base de sua religião tradicional, que fundamentou a construção e o desenvolvimento social e político do reino. O reino de Benim está ligado à Ifé por seu fundador e lendário Oranyan, filho de Oduduwa que, posteriormente, seria o rei de Oyó. A tradição fala também de uma primeira dinastia em que doze reis foram soberanos no século XII. Na primeira metade do século XIII, é Eweka que institui o colégio eleitoral de sete membros e Ewedo seu sucessor, que consolida o reino de Benim através da herança da coroa de Oranyan, ou seja, da dinastia dos reis estrangeiros, como garante o tamborete do ogiso. Este simbolizava toda a autoridade confiada ao guardião da ancestralidade e dos cultos tradicionais que davam sustentabilidade ao dignatário real, na condução do poder. Poder esse de um matiz segmentário tecido e costurado pela religiosidade. A constituição desse espaço imaginário garante a perpetuação do passado nas concepções do presente e inaugura o futuro, estabelecendo o poder e a resistência de um povo, o qual tem a esfera do sagrado como norteador e organizador da esfera do temporal e resguarda aos reis iniciados a manutenção de suas hierarquias e tradições.Downloads
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