"Cantam nautas, choram flautas": uma proposta de leitura da Epanaphora Tragica Segunda, de D. Francisco Manuel de Melo (1660)
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.139220Palavras-chave:
Escrita da História, D. Francisco Manuel de Melo, Epanaphora Tragica Segunda, Usos da memória, D. Manoel de Meneses, Naufrágio da Armada de 1626-1627Resumo
O presente artigo propõe uma leitura da Epanaphora Tragica Segunda, de D. Francisco Manuel de Melo, à luz do contexto de escrita e publicação da relação, de 1657 a 1660. Seu argumento central defende que, sob a camada de uma narrativa do naufrágio da Armada portuguesa em 1626-1627, Melo mobiliza o fato histórico e a figura de seu protagonista, D. Manoel de Meneses, para comentar a situação do Portugal dos anos iniciais do reinado de D. Afonso VI, ainda sob a regência de D. Luísa de Gusmão. Época, certamente, atribulada no reino português, ameaçado inclusive do fim de sua independência. Dialogando com historiadores como Prestage, Oliveira, Amado, Fraga e outros, o autor propõe que Melo, nas entrelinhas da Tragica, metaforiza o episódio, generalizando-o para extrair dele lições úteis a seu tempo e ao futuro.