Entre o medieval e o moderno: o Livro dos Mártires e a hagiografia reformada de Jean Crespin (1570)
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.138091Palavras-chave:
Hagiografia reformada; Martírio; Livro dos Mártires.Resumo
O presente artigo analisa o Livro dos Mártires publicado pela última vez em 1570 pelo impressor Jean Crespin, no contexto das reformas religiosas que ocorriam em Genebra a época. Aqui a obra de Crespin é tomada para além de sua função propagandística ou pedagógica, mas também como um verdadeiro discurso hagiográfico. Tributários de uma tradição que vigorou ao longo de toda a Idade Média, mesmo com as críticas aos santos e a esse tipo de narrativa, considerada supersticiosa, defendemos que o discurso hagiográfico se manteve entre os protestantes, especialmente entre reformados como Crespin. Contudo, esse discurso não permanece igual ao modelo medieval ou católico, mas foi reformado por impressor genebrino em coerência com a sua própria confissão de fé e doutrina. Nesse sentido, o artigo demonstra como Crespin, mediante os casos de martírio, reformou o tema da santidade, bem como a escrita hagiográfica com seu Livro dos Mártires, inserindo-se, desta forma, no espaço entre o mundo medieval e a modernidade.