A prosa em 3ª pessoa dos intelectuais presos, torturados, exilados
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.129635Palavras-chave:
história, memória, testemunho, ditadura, revisionismoResumo
A vaga memorialística e de revisão historiográfica da década passada, que teve como um dos centros a Comissão Nacional da Verdade, seguiu, em linhas gerais, a sede intelectual por fontes de memória, traço característico das inquietações nacionais e da busca por reparação histórica desde o pós-Segunda Guerra. Beatriz Sarlo aponta que prisioneiros políticos da época das ditaduras no Cone Sul também se exprimiam em 3ª pessoa, prescindindo assim da autoridade que a prosa testemunhal passou a ter. Mais ainda, ao não colocar o relato não pessoal como a referência para a elaboração e fixação de memórias, os estudos de intelectuais perseguidos por governos de exceção ajudam a esclarecer a dinâmica da vida que tiveram, seus traços biográficos, apesar de não se referirem a si próprios nestes lugares. Resgatar a vida e o posicionamento político e intelectual de um personagem brasileiro como Ruy Mauro Marini se vincula a um trabalho de memória e a uma revisão historiográfica, em nítida contraposição aos vencedores da história, ou seja, o CEBRAP de Fernando Henrique Cardoso.