O espaço econômico do ouro retratado pelas escrituras de “procuração bastante” – Minas Gerais na primeira metade do século XVIII

Autores

  • Carlos Leonardo Kelmer Mathias Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.12922

Palavras-chave:

Procuração bastante, Interação espacial, Redes sociais

Resumo

O presente artigo tem por objetivo discutir a interação havida entre as regiões de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Nordeste por intermédio do estudo de 4.988 escrituras de “procuração bastante” presentes nos livros de nota do primeiro e do segundo ofícios do arquivo da Casa Setecentista de Mariana entre 1711 e 1756. Trata-se de um documento que em boa medida resta inédita aos pesquisadores que se voltam para o período colonial de nossa história. Por isso mesmo, suas potencialidades ainda estão por ser mais bem desenvolvidas. No que respeita à capitania de Minas Gerais na primeira metade do século XVIII, as procurações bastante acabaram por revelar uma forte integração entre as localidades constituintes do espaço econômico do ouro. De resto, as procurações possuíam um cunho comercial, jurídico ou parental consoante suas regiões de destino. Revelam que assim como um mestre-de-campo poderia fazer do guarda-mor da relação da Bahia seu procurador, de igual forma o poderia uma preta forra, por exemplo. Explorar tais considerações é propósito do artigo ora apresentado.

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Biografia do Autor

Carlos Leonardo Kelmer Mathias, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Professor adjunto da UFRRJ

Doutor em História Social pela UFRJ

Mestre em História Social pela UFRJ

Graduado em História pela UFJF

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Publicado

2011-07-12

Como Citar

Kelmer Mathias, C. L. (2011). O espaço econômico do ouro retratado pelas escrituras de “procuração bastante” – Minas Gerais na primeira metade do século XVIII. Anos 90, 18(33), 165–190. https://doi.org/10.22456/1983-201X.12922