“Assim se faz história, assim deve ser ensinada”: Manoel Bomfim e a instrução histórica no ensino primário (1899-1930)

Autores

  • Magno Francisco de Jesus Santos Universidade Federal do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.103025

Palavras-chave:

Metodologia da História, Ensino de História, Instrução histórica, Manoel Bomfim

Resumo

O escopo deste artigo é a concepção de Manoel Bonfim acerca da instrução histórica. Ao escrever sobre a metodologia da educação, nos idos de 1915, Manoel Bonfim defendeu uma renovação do ensino de história, no intuito de torná-lo mais atrativo para as crianças e mais eficiente no processo de formação cívica. Apesar de ser um intelectual consideravelmente analisado em âmbito historiográfico e da produção de livros escolares, Manoel Bonfim ainda é pouco discutido no tocante às contribuições acerca do ensino de história. Neste sentido, este artigo tem como fonte principal o livro “Lições de Pedagogia”, em cotejo com “O Methodo dos Tests”, com o parecer do compêndio de História da América e com a produção historiográfica do autor. A partir dessa análise desses vestígios, busco entender a concepção do autor acerca da história, pensada na dimensão do ensino, ou seja, do seu entendimento sobre a instrução histórica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Magno Francisco de Jesus Santos, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Professor do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História e do Programa de Pós-Graduação em Ensino de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Doutor em História pela UFF.

Referências

AGUIAR, Ronaldo Conde. O rebelde esquecido: tempo, vida e obra de Manoel Bomfim. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000.

AGUIAR, Ronaldo Conde. Um livro admirável. In: BONFIM, Manuel. O Brasil nação: realidade da soberania brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Topbooks, 1996. p. 22-34.

ALVES FILHO, Aluizio. Pensamento político no Brasil: Manoel Bomfim, um ensaísta esquecido. Rio de Janeiro: Achiamé: Socii, 1979.

ANDRADE, Yara Rodrigues. (Im)possível nação: o Brasil de Manoel Bomfim e de Paulo Prado no início do século XX. 2008. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo, São Paulo, 2008.

ANTUNES, Mitsuko Aparecida Makino. Sobre a obra de Manoel Bomfim: um estudo sobre lições de pedagogia: theoria e prática da educação. Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 397-402, 2016.

BARONI, Márcio Henrique de Morais. Bomfim: entre continente e nação. 2003. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.

BENTO, Luiz Carlos. Manoel Bomfim: crítica historiográfica e orientação política em o Brasil na História. Revista IHGSE, Aracaju, n. 49, p. 41-57, 2019.

BERSTEIN, Serge. A cultura política. In: RIOUX, Jean-Pierre; SIRINELLI, Jean-François (dir.). Para uma História cultural. Lisboa: Editorial Estampa, 1998. p. 349-363.

BOMFIM, Manoel. O Brasil na América: caracterização da formação brasileira. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929.

BOMFIM, Manoel José. O Brazil na história: deturpação das tradições, degradação política. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1930.

BOMFIM, Manoel José. Lições de Pedagogia: theoria e pratica da educação. 3. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1926. Original publicado em 1915.

BOMFIM, Manoel José. O méthodo dos Tests. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1928.

BOMFIM, Manoel José. Parecer sobre o livro “História da América” de Colombo, apresentado ao Conselho Superior de Instrução Pública do Distrito Federal (1897). In: POMBO, José Francisco da Rocha. Compêndio

de História da América. Rio de Janeiro: Laemmert & C. Editores, 1900. p. VII-XXVII.

BOMFIM, Manoel José. O progresso pela instrucção: discurso. Rio de Janeiro: Tyographia do Instituto Profissional, 1904.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 52. ed. São Paulo: Cultrix, 2019.

BOTELHO, André. O batismo da instrução: atraso, educação e modernidade em Manoel Bomfim. 1997. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.

CAMARA, S.; COCKELL, M. O intelectual educador Manoel Bomfim e a interpretação do Brasil e da América Latina. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 11, n. 44, p. 293-307, 2012.

CÂNDIDO, Antônio. Literatura e desenvolvimento. Argumento, São Paulo, n. 1, p. 1-14, 1973.

CHACON, Vamireh. História das ideias socialistas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.

COCKELL, Marcela. Manoel Bomfim: um intelectual polêmico e engajado na Belle Époque tropical (1898-

-1914). 2011. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Formação de Professores, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2011.

DEL GADIO; Rogata; PEREIRA, Doralice. O “nacionalismo patriótico” presente em Através do Brasil. Revista Geográfica de América Central, Costa Rica, v. 2, p. 1-17, jul./dic. 2011.

DUTRA, Eliana de Freitas. História e culturas políticas: definições, usos e genealogias. Varia História, Pampulha, n. 28, p. 13-28, 2002.

DUTRA, Eliane de Freitas. Rebeldes literários da República: história e identidade nacional no Almanaque Brasileiro Garnier (1903-1914). Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005.

FERNANDES, Paula Rejane. América Latina aos olhos de Manoel Bomfim: análise da obra “A América Latina: males de origem”. Dimensões, Vitória, v. 29, p. 100-118, 2012.

FILGUEIRA, André Luiz de Souza. A escrita descolonial de Manoel Bomfim: uma conversa com o seu pensamento social e político. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Universidade de Brasília, Brasília, 2012.

FREITAS, Itamar. Ensino de História em Manoel Bomfim: um instrumento de educação moral e mental a serviço da revolução (1915/1926). Artigo publicado em blog. 2010. Disponível em: http://itamarfo.blogspot.

com/2010/12/ensino-de-historia-em-manoel-bomfim-um.html. Acesso em: 17 mar. 2020.

GOMES, Angela de Castro. A escola republicana: entre luzes e sombras. In: GOMES, Angela de Castro; PANDOLFI, Dulce Chaves; ALBERTI, Verena (org.). A República no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/

CPDOC, 2002. p. 385-450.

GOMES, Ângela de Castro. História, ciência e historiadores na Primeira República. In: HEIZER, Alda; VIDEIRA, Antônio Augusto Passos (org.). Ciência, civilização e república nos trópicos. Rio de Janeiro: Mauad X: Faperj, 2010. p. 11-29.

GONTIJO, Rebeca. Manoel Bomfim, “pensador da História” na Primeira República. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 23, n. 45, p. 129-154, 2003.

GUARANÁ, Armindo. Diccionario Bio-bibliográphico sergipano. Rio de Janeiro: Pongetti, 1925.

IGLESIAS, Francisco. Os Historiadores do Brasil: capítulos de historiografia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: UFMG/IPEA, 2000.

KROPF, Simone Petraglia. Manoel Bomfim e Euclides da Cunha: vozes dissonantes aos horizontes do progresso. História, Ciências, Saúde: Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 80-99, 1996.

KULESZA, Wojciek Andrzej. Pedagogia e Psicologia no pensamento de Manoel Bomfim. Revista do IHGSE, Aracaju, v. 49, p. 111-117, 2019.

LEITE, Dante Moreira. Manuel Bomfim: ensaio de afirmação das classes desprotegidas. In: LEITE, Dante Moreira. O caráter nacional brasileiro: história de uma ideologia. São Paulo: UNESP, 2017. p. 329-343.

MACHADO, C. J. dos S.; BARBOSA, D. de S. O pensamento educacional de Manoel Bomfim a partir da obra América Latina: males de origem (1905). Educação & Formação, [S.l.], v. 1, n. 1, p. 159-171, 2016.

MACHADO, Dênis Wagner. Os males de origem da educação segundo Manoel Bomfim. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2014.

MEDEIROS, Jerferson Joyle dos Santos. Nação, escrita e América Latina: Manoel Bomfim. 2015. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Penrambuco, Recife, 2015.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.

NAGLE, Jorge. Sociedade e Educação na Primeira República. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

NUNES, Maria Thétis. Manoel Bomfim: pioneiro de uma ideologia nacional. In: BOMFIM, Manuel. O Brasil na América: caracterização da formação brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997. p. 13-25.

NEEDELL, Jeffrey. Belle Époque tropical: sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do século. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

OLIVA, Terezinha Alves de. Manoel Bomfim e os impressos sobre educação. Cadernos UFS: História da Educação, São Cristóvão, Sergipe, v. 5, n. 1, p. 27-34, 2003.

OLIVEIRA, Lúcia Maria Lippi. Manoel Bomfim: autor esquecido ou fora de tempo? Sociologia e Antropologia, Rio de Janeiro, v. 5, n. 3, p. 771-797, 2015.

OLIVEIRA, Lúcia Maria Lippi. A questão nacional na Primeira República. São Paulo: Brasiliense, 1990.

OTHERO, Carolina de Oliveira Silva. Tradição, linguagem e orientação: a escrita da história em Manoel Bomfim (1923-1931). 2019. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo

Horizonte, 2019.

PORTUGAL, Francisco Teixeira. Linguagem, psicologia e história no pensamento social de Manoel Bomfim. In: HEIZER, Alda; VIDEIRA, Antônio Augusto Passos (org.). Ciência, civilização e república nos trópicos. Rio de Janeiro: Mauad X: Faperj, 2010a. p. 11-29.

PORTUGAL, Francisco Teixeira. Psicologia e história no pensamento de Manoel Bomfim. Estudos e pesquisas em Psicologia, São Gonçalo, ano 10, n. 2, p. 596-612, 2010b. p. 277-290.

PRADO, Maria Emília. Manuel Bomfim (1868-1932). In: PARADA, Maurício; RODRIGUES, Henrique Espada. Os historiadores: clássicos da historiografia do Brasil. Rio de Janeiro: Vozes: PUC, 2018. v. 4, p. 180-197.

PRIORI, Angelo; CANDELORO, Vanessa de Moraes. “Manuel Bomfim: a educação como resposta para ‘os males’ do Brasil”. In: PRIORI, Angelo; CANDELORO, Vanessa de Moraes (org.). Dilemas do Desenvolvimento

Brasileiro: Séc. XIX. Curitiba: Instituto Memória, 2009. p. 147-171.

REIS, José Carlos. Civilização brasileira e otimismo revolucionário (ingênuo): Manuel Bonfim e o sonho da República soberana e democrática. In: REIS, José Carlos. As identidades do Brasil 2: de Calmon a Bomfim: a favor do Brasil: direita ou esquerda? Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006. p. 183-231.

RIBEIRO, Darcy. Manuel Bonfim, antropólogo. In: BOMFIM, Manuel. A América Latina: males de origem. 3. ed. Rio de Janeiro: Topbooks, 1993. p. 9-20.

ROMERO, Silvio. A América Latina: analyse do livro de igual título do Dr. Manoel Bomfim. Porto: Livraria Chardon, 1906.

SANTOS, Ane Luíse Silva Mecenas; FERRONATO, Cristiano. “Afortunados o povo que não tem história”: Ruy Barbosa, os pareceres da instrução pública e o ensino de História Brasil oitocentista. In: OLIVEIRA, João

Paulo Gama; MANKE, Lisiane Sias; SANTOS, Magno Francisco de Jesus. Histórias do ensino de História: projetos de nação, materiais didáticos e trajetórias docentes. Recife: UPE, 2020. p. 19-44.

SANTOS, Claudefranklin Monteiro. Através do Brasil: uma trajetória centenária. São Cristóvão, SE: EDUFS, 2013.

SANTOS, Claudefranklin Monteiro; OLIVA, Terezinha Alves de. As multifaces de Através do Brasil. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 24, n. 48, p. 101-121, 2004.

SANTOS, Ivan Paulo Silveira. Manoel Bomfim: trajetória, suas críticas e concepções sobre o Brasil como nação. 2017. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2017.

SANTOS JÚNIOR, Valdir Donizete dos. A trama das ideias: intelectuais, ensaios e construção de identidades na América Latina (1898-1914). 2013. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade de São Paulo,

São Paulo, 2013.

SANTOS, Magno Francisco de Jesus. “Um conto moral que sirva de espelho da vida”: Bathazar Goes, um intelectual pensando o ensino de História. Interfaces Científicas: Educação, Aracaju, v. 7, n. 2, p. 23-34, 2019.

SANTOS, Magno Francisco de Jesus. Ecos da Modernidade: a arquitetura dos grupos escolares de Sergipe (1911-1926). São Cristóvão, SE: EDUFS, 2013.

SANTOS, Magno Francisco de Jesus. Ensino de História, espaços e cultura política bandeirante: José Scarameli e a escrita de livros escolares para crianças. História, Histórias, Brasília, v. 5, n. 9, p. 104-126, 2017a.

SANTOS, Magno Francisco de Jesus. “Scenas da História do Brasil”: Esmeralda Masson de Azevedo e a escrita de livros escolares de História para crianças. História Hoje, São Paulo, v. 6, n. 12, p. 204-230, 2017b.

SANTOS, Magno Francisco de Jesus. “Simples, atrahente e comovente”: o ensino de História nos programas dos grupos escolares sergipanos (1912-1924). História & Ensino, Londrina, v. 24, n. 1, p. 165-197, 2018.

SANTOS, Magno Francisco de Jesus. “Aos que tivessem avidez de saber das cousas pátrias”: Américo Braziliense, a escrita da história escolar e a invenção do espaço paulista. In: OLIVEIRA, João Paulo Gama; MANKE,

Lisiane Sias; SANTOS, Magno Francisco de Jesus. Histórias do ensino de História: projetos de nação, materiais didáticos e trajetórias docentes. Recife: UPE, 2020. p. 45-72.

SILVA, Alexandra Lima da. Ensino e mercado editorial de livros didáticos de História do Brasil: Rio de Janeiro (1870-1924). 2008. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2008.

SILVA, José Maria de Oliveira. O pensamento historiográfico de Manoel Bomfim. Tomo, Aracaju, v. 1, p. 61-71, 1998.

SILVA, José Maria de Oliveira. Salvar a América – Educação e História: nuances do radicalismo em Manoel Bomfim. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 9, n. 19, p. 115-134, 1990.

SILVA, Ligiane Aparecida; MACHADO, Maria Cristina Gomes. Um estudo do discurso o progresso pela instrucção, de Manoel Bomfim: palavras dirigidas às normalistas. Imagens da Educação, Maringá, PR, v. 9, n. 2,

p. 93-109, 2019.

SIRINELLI, Jean-François. As elites culturais. In: RIOUX, J. P.; SIRINELLI, J. F. Para uma história cultural. Lisboa : Editora Estampa, 1998.

SKIDMORE, Thomas. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 2012. Original publicado em 1976.

SUASSUNA, Daniella de Souza Barbosa; MACHADO, Charliton José dos Santos. Anotações sobre o pensamento educacional de Manoel Bomfim a partir da obra América Latina: males de origem (1905). Educação

Unisinos, São Leopoldo, v. 13, n. 12, p. 147-151, 2009.

SÜSSEKIND, Flora; VENTURA, Roberto. História e dependência: cultura e sociedade em Manoel Bonfim. São Paulo: Moderna, 1984.

TONON, Marina Rodrigues. Reinventando o Brasil: Manoel Bomfim e a crítica historiográfica brasileira. 2014. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Estadual Paulista, Assis, SP, 2014.

UEMORI, Celso Nobrou. Explorando em campo minado: a sinuosa trajetória intelectual de Manoel Bomfim em busca da identidade nacional. 2006. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2006.

VENTURA, Roberto. Estilo tropical: história cultural e polêmicas literárias no Brasil (1870-1914). São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

Downloads

Publicado

2021-06-25

Como Citar

Santos, M. F. de J. (2021). “Assim se faz história, assim deve ser ensinada”: Manoel Bomfim e a instrução histórica no ensino primário (1899-1930). Anos 90, 28, 1–21. https://doi.org/10.22456/1983-201X.103025

Edição

Seção

Artigos