Mãos que oram, mineram e desenham: cartografia colaborativa e construção visual de fronteiras na América do Sul (1746)
DOI:
https://doi.org/10.22456/1983-201X.101802Palavras-chave:
Geografia, cartografia, mapas, materiais visuais, instituições religiosasResumo
No século XVIII a disputa entre as monarquias ibéricas pela definição de seus limites territoriais
criou um contexto para a recomposição de alianças sociais nas fronteiras, aliando antigos inimigos, como jesuítas e sertanistas, na produção de imagens cartográficas que comunicavam suas ações e reiteravam sua existência nestas regiões. Tais disputas, portanto, fomentam o desenvolvimento de uma cultura visual de sertões externa aos círculos oficiais de engenheiros militares formados nas academias e contratados pelas Coroas e inclusiva de agentes sociais portadores de experiência de terreno e conhecimentos científicos que atuaram colaborativamente. Suas imagens alcançaram status de documento comprobatório e chegaram às instâncias oficiais. Tal conclusão é demonstrada por uma carta e mapa das terras da bacia platina feitos em 1746 e interpretados sob as diretrizes teórico-metodológicas da história sociocultural da cartografia mais recente e que revisa a tese da cartografia como mero exercício de poder e dominação dos Estados em favor
do seu entendimento como ferramenta comunicativa de direitos de outros agentes sociais.