Chamada para submissão de artigos: O RURAL, A CIÊNCIA E O MEIO AMBIENTE: UM DEBATE NECESSÁRIO
Chamada para submissão de artigos:
O RURAL, A CIÊNCIA E O MEIO AMBIENTE: UM DEBATE NECESSÁRIO
Prazo para envio: 1 de março de 2024
Call for articles:
THE RURAL, SCIENCE, AND THE ENVIRONMENT: A NECESSARY DEBATE
Deadline for submission: march 1st, 2024
Convocatória de articulos:
EL MEDIO RURAL, LA CIENCIA Y EL MEDIO AMBIENTE: UN DEBATE NECESARIO
Fecha límite para el envío: 1 de marzo de 2024
Editores de seção / Directors:
Dr. José Luís Garcia (Universidade de Lisboa); Dr. Marcio Antônio Both da Silva (Universidade Estadual do Oeste do Paraná); Dra. Nívia Pombo (Universidade Estadual do Rio de Janeiro)
A questão ambiental é um problema que está nas pautas de discussão há muito tempo, mas se tornou assunto urgente nas últimas décadas. A historiografia produzida sobre o tema tem demonstrado que os debates sobre as consequências da intervenção humana na natureza ganharam conteúdos muitos próximos aos atuais no início do período moderno, quando “ocorreu uma série de transformações na maneira pela qual homens e mulheres, de todos os níveis sociais, percebiam e classificavam o mundo natural ao seu redor” (THOMAS, 2010, p. 19). A partir disso, uma outra ideia de natureza se constituiu, associando a necessidade de domínio adquirido ao conhecimento construído sobre o ambiente (LENOBLE, 2002, p. 183). Nessa caminhada, a adoção de medidas mais contundentes para lidar com a problemática da destruição ambiental são coetâneas as décadas finais do século XX. A realização da “Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento” (ECO-92), ocorrida no Brasil em junho de 1992, nesse sentido, é um dos principais acontecimentos que demonstra essa nova tomada mundial de posições sobre a questão. Do mesmo modo, a escolha da cidade de Belém do Pará para sediar, no ano de 2025, a 30ª Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas (COP30), demonstra a relevância do problema e o protagonismo do Brasil em relação aos debates internacionais que envolvem a preservação ambiental e as alterações climáticas.
Por sua vez, ao acompanhar as discussões que vêm sendo feitas sobre meio ambiente e desenvolvimento é possível perceber que, além dos assuntos que dizem respeito a necessidade de diminuirmos os níveis de emissão de gases poluentes e protegermos as áreas florestais, o tema da ciência e da agricultura são recorrentes. No geral, os estudos sobre a questão têm indicado que historicamente o avanço da agricultura, principalmente da monocultura de capital intensivo, em direção as áreas florestais é um dos principais motivos do desmatamento e da extinção de muitas formas de vida, modos de habitar o mundo e de conceber o próprio planeta terra. Inclusive, esse processo tem potencializado o surgimento de ambientes apropriados para produção de novos patógenos que podem repercutir em epidemias e pandemias (WALLACE, 2020, p. 527). Porém, na contramão dessa análise, outras leituras defendem que tal expansão é necessária, pois dela depende a produção de alimentos para garantir o futuro da humanidade. Em outras palavras, podemos afirmar que este dilema é uma das expressões atuais do antigo e corriqueiro debate entre atraso e progresso, o qual acompanha a construção da noção de modernidade, cujos pilares começaram a se constituir a partir do século XVI, momento que marca o processo de conquista e colonização dos espaços não europeus.
Nesse universo de questões, muito se tem debatido sobre o papel que a ciência e o conhecimento científico vêm cumprindo e poderão cumprir para enfrentar os problemas decorrentes da forma com a qual historicamente a humanidade vem lidando com a natureza. Assim, esta proposição de dossiê, a partir da análise de diferentes contextos e períodos históricos, se propõe a debater os modos como as interrelações entre ciência, meio ambiente e agricultura, da forma como vem sendo praticadas, são responsáveis pelo atual quadro dramático que vivemos e, da mesma forma, como esta relação poderá apontar caminhos diversos para superarmos os problemas dela resultantes. Portanto, esta proposta busca abranger tematicamente questões de grande relevância e de expressivo impacto historiográfico, pois, sem dúvida, trata-se de uma discussão necessária em termos históricos, políticos, sociais, culturais e econômicos.
---
The environmental issue has been on the discussion agendas for a long time but has become an urgent matter in recent decades. The historiography produced on the subject has shown that debates about the consequences of human intervention in nature closely resemble current ones, dating back to the early modern period when “a series of transformations occurred in the way men and women of all social levels perceived and classified the natural world around them” (THOMAS, 2010, p. 19). From this, another concept of nature emerged, associating the need for acquired mastery with knowledge built about the environment (LENOBLE, 2002, p. 183). Along this path, the adoption of more forceful measures to address environmental destruction issues coincides with the final decades of the 20th century. The holding of the United Nations Conference on Environment and Development (UNCED), which took place in Brazil in June 1992, is one of the key events demonstrating this new global stance on the issue. Similarly, the choice of Belém do Pará to host the 30th UN Conference on Climate Change (COP30) in 2025 underscores the significance of the problem and Brazil's role in international debates surrounding environmental preservation and climate change.
Concurrently, when following the discussions on environment and development, it becomes evident that, in addition to matters concerning the need to reduce levels of pollutant emissions and protect forested areas, the subjects of science and agriculture are recurrent. In general, studies on the issue have indicated that historically, the advance of agriculture, particularly intensive capital monoculture towards forested areas, is one of the main reasons for deforestation and the extinction of many forms of life, ways of inhabiting the world, and conceiving the planet Earth itself. Moreover, this process has amplified the emergence of environments conducive to the production of new pathogens that can lead to epidemics and pandemics (WALLACE, 2020, p. 527). However, contrary to this analysis, other readings argue that such expansion is necessary, as it depends on the production of food to secure humanity's future. In other words, we can affirm that this dilemma is one of the current expressions of the old and common debate between backwardness and progress, which accompanies the construction of the notion of modernity, whose foundations began to be established from the 16th century, marking the process of conquest and colonization of non-European spaces.
Within this realm of issues, much debate has revolved around the role that science and scientific knowledge have been and will be playing in addressing the problems resulting from how humanity has historically dealt with nature. Thus, this dossier proposal, through the analysis of different historical contexts and periods, aims to discuss how the interrelationships between science, the environment, and agriculture, as currently practiced, are responsible for the dramatic situation we are experiencing. Likewise, it explores how this relationship can point to different paths for overcoming the problems it generates. Therefore, this proposal seeks to thematically encompass issues of great relevance and significant historiographical impact because it is undoubtedly a necessary discussion in historical, political, social, cultural, and economic terms.
---
La cuestión ambiental ha estado en la agenda de discusión durante mucho tiempo, pero se ha convertido en un tema urgente en las últimas décadas. La historiografía producida sobre el tema ha demostrado que los debates sobre las consecuencias de la intervención humana en la naturaleza se asemejan mucho a los actuales desde el inicio de la época moderna, cuando "ocurrieron una serie de transformaciones en la forma en que hombres y mujeres de todos los niveles sociales percibían y clasificaban el mundo natural que los rodeaba" (THOMAS, 2010, p. 19). A partir de esto, surgió otra idea de naturaleza, asociando la necesidad de adquirir dominio al conocimiento construido sobre el entorno (LENOBLE, 2002, p. 183). En este proceso, la adopción de medidas más enérgicas para abordar el problema de la destrucción ambiental coincide con las últimas décadas del siglo XX. La realización de la "Conferencia de las Naciones Unidas sobre el Medio Ambiente y el Desarrollo" (ECO-92), que tuvo lugar en Brasil en junio de 1992, es uno de los principales eventos que demuestran esta nueva toma de posición a nivel mundial sobre el tema. Del mismo modo, la elección de la ciudad de Belém do Pará para albergar, en 2025, la 30ª Conferencia de las Naciones Unidas sobre el Cambio Climático (COP30) destaca la relevancia del problema y el papel protagónico de Brasil en los debates internacionales sobre la preservación ambiental y el cambio climático.
Por otro lado, al seguir las discusiones sobre medio ambiente y desarrollo, se puede percibir que, además de los temas relacionados con la necesidad de reducir los niveles de emisiones de gases contaminantes y proteger las áreas forestales, el tema de la ciencia y la agricultura es recurrente. En general, los estudios sobre el tema han indicado que históricamente el avance de la agricultura, en particular la monocultura de alto capital intensivo, hacia las áreas forestales, es una de las principales causas de la deforestación y la extinción de muchas formas de vida, formas de habitar el mundo y la concepción misma del planeta tierra. Además, este proceso ha aumentado la aparición de ambientes propicios para la producción de nuevos patógenos que pueden dar lugar a epidemias y pandemias (WALLACE, 2020, p. 527). Sin embargo, en contraposición a este análisis, otras lecturas argumentan que esta expansión es necesaria, ya que de ella depende la producción de alimentos para garantizar el futuro de la humanidad. En otras palabras, podemos afirmar que este dilema es una de las expresiones actuales del antiguo y recurrente debate entre el atraso y el progreso, que acompaña la construcción de la noción de modernidad, cuyos cimientos comenzaron a establecerse a partir del siglo XVI, marcando el proceso de conquista y colonización de espacios no europeos.
Dentro de este ámbito de cuestiones, se ha debatido mucho sobre el papel que la ciencia y el conocimiento científico han desempeñado y desempeñarán en la resolución de los problemas derivados de la forma en que la humanidad ha tratado históricamente con la naturaleza. Así, esta propuesta de dossier, a través del análisis de diferentes contextos y períodos históricos, tiene como objetivo debatir las formas en que las interacciones entre la ciencia, el medio ambiente y la agricultura, tal como se practican actualmente, son responsables de la situación dramática que vivimos y, al mismo tiempo, cómo esta relación puede señalar diferentes caminos para superar los problemas que genera. Por lo tanto, esta propuesta busca abordar cuestiones de gran relevancia y de impacto historiográfico significativo, porque sin duda es una discusión necesaria en términos históricos, políticos, sociales, culturales y económicos.