ST 17. Através de enredos e sentidos, aberturas à representação historiadora
interstícios entre escrita da história e ficção literária
Resumo
O texto literário de ficção tem função desestabilizadora em relação ao horizonte hermenêutico e de semântica histórica sedimentado socialmente. Em relação à escrita da história, o que o texto ficcional tensiona é justamente a crença orientadora de pretensão à verdade e precisão objetivista na representação e recuperação do passado pela história-disciplina. Pelas suas correlações junto ao ficcional, a escrita da história pode ser compreendida como uma incessante abertura de horizontes compreensivos. Quanto ao tópico da verdade e do sentido, a afirmação de Koselleck de que “cada história, em sua própria consumação, em si mesma, não tem sentido” e que “a verdade da história é sempre uma verdade ex post” não deveria nos espantar. Ao não essencializar o sentido das coisas, fenômenos e acontecimentos, reitera-os como necessários de sempre serem mobilizados individual e coletivamente: destaca-se sua faceta existencial e ético-política. Mas uma indagação permanece e Luiz Costa Lima arrisca: "como o sentido é alcançável [depois do fato]? Penso que pela coincidência aproximativa a que obedece a regularidade dos fenômenos e o que é admissível pelos códigos discursivos vigentes em uma sociedade” (COSTA LIMA, 2021, p. 242). Assim, justifica-se a reflexão teórica-análica sobre escrita da história e escrita literária de ficção, pois ambas têm a ver com a determinação de diferença entre articulação verbal e experiência pré-extraverbal. Nessa determinação de diferença, situam-se e pulsam temporalidades, historicidades e sentidos heterogêneos que são, narrativa e esteticamente, possíveis de serem figurados poética, simbólica e metaforicamente. Com isso, estimulam-se contribuições que: abordem aberturas à reflexão teórica (tensionamentos e transitividades) entre escrita da história e ficção literária (considerando a multiplicidade de gêneros discursivos desta); examinem obras literárias visando explorar modos de fornecer sentidos às experiências em seu acontecer histórico-temporal; bem como investiguem problematizações possíveis à relação texto-contexto, linguagem-sociedade. Por fim, espera-se debater o tópico da representação historiadora por meio destas questões.
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