A obra areniana entre o ético e o estético

um projeto de reconstrução da identidade marielita

Resumo

Por meio dos escritos literários de Reinaldo Arenas, sobretudo na obra El portero (1987), este artigo analisa o fenômeno de reconstrução identitária dos Marielitos – cubanos exilados nos EUA via rota Mariel-Key West em 1980. Apresentando as coerções narrativas no romance, investiga-se as estratégias utilizadas pelo dissidente da nação revolucionária para se opor às estruturas de poder que legislavam sobre a experiência dos constituintes do êxodo. Inicialmente, demonstra-se como o escritor, a partir de um jogo de alteridades, contesta a autoridade dos argumentos discriminatórios aos quais os Marielitos foram submetidos. Em seguida, evidencia-se uma valorização dessas identidades, que, sendo produzidas por mecanismos de exclusão institucional modernos, são caracterizadas como fragmentárias, instáveis e efêmeras. A abordagem, que visa a literatura como um espaço laboratorial moral, identifica, nas proposições pragmático-comunicativas e estéticas de Arenas, a capacidade de modificação dos imaginários sociais. No que concerne ao aparato teórico-metodológico destaca-se a categoria de representação.