Relações entre as razões de isótopo de oxigênio na neve e no gelo do Nevado Illimani (Bolívia) com a variabilidade temporal da precipitação sobre a América do Sul
DOI:
https://doi.org/10.22456/1807-9806.78197Palavras-chave:
glaciais tropicais, reconstrução paleoclimática, ACP.Resumo
Este artigo examina as relações temporais entre a série de razão de isótopos estáveis de oxigênio (δ18O), obtida de um testemunho de gelo do Nevado Illimani, Bolívia (16°37’S, 67°46’W), com séries da precipitação sobre a América do Sul. Utilizou-se dados de δ18O dos primeiros 50 m desse testemunho e os totais mensais de precipitação coletados em 890 estações meteorológicas sul-americanas no período entre 1979–2008. As amostras da precipitação foram dispostas em uma grade com resolução de ~ 2° de latitude e longitude, para o zoneamento espacial da variabilidade temporal, utilizando-se da Análise das Componentes Principais (ACP) no Modo-S. As relações entre o registro do δ18O com a ocorrência de secas e chuvas acima da média na América do Sul alteram-se sazonalmente em função da migração espacial dos mecanismos de transporte e convergência da umidade. A variabilidade temporal interanual da precipitação nas regiões equatorial e subtropical é a que possui maior semelhança com a variação do δ18O no Nevado Illimani. Essa relação é explicada pelo controle da temperatura superficial dos oceanos Pacífico Equatorial e Atlântico Norte sobre as anomalias de precipitação nas duas regiões e que ocorrem com frequências temporais entre 24 e 60 meses. As séries do δ18O e da precipitação possuem ciclos temporais de alta frequência espectral que variam independentemente, porque esses ciclos são controlados por fatores locais.