Discussão dos processos de construção do complexo granítico São Sepé, RS: feições geológicas e petrográficas

Autores

  • Maria C. GASTAL Departamento de Mineralogia e Petrologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
  • Francisco J. F. FERREIRA Laboratório de Pesquisas em Geofísica Aplicada, Departamento de Geologia, Universidade Federal do Paraná.

DOI:

https://doi.org/10.22456/1807-9806.43440

Palavras-chave:

pluton multicíclico, recarga máfica, cúpula granítica félsica, texturas de dissolução, lineamentos tectônicos

Resumo

A construção do complexo granítico São Sepé (CGSS) é discutida a partir de informações de campo, geológicas e estruturais, complementadas com a avaliação dos sistemas tectônicos regionais integrando sensores remotos (MDE-SRTM e imagem ASTER) e mapas aeromagnetométricos, e com a investigação detalhada de texturas e estruturas. O CGSS, localizado no oeste do Escudo Sul-riograndense (Bloco São Gabriel), representa os níveis epizonais (250-160 MPa) de uma coluna vertical de magma-mush com atividade moderada, controlada por zonas de falha pré-existentes N30-35°E e N55-60°W, cuja atividade foi vinculada aos eventos pós-colisionais da Orogênese Dom Feliciano (640-620 Ma). Sua formação ocorreu no final do Neoproterozóico (570-560 Ma), durante evento tectônico transtensivo ao longo de zonas de falha N15-20°E, responsável pelo soerguimento regional e expressivo magmatismo ácido, que é reflexo de orogenias mais jovens ocorridas a norte. É um pluton composto de dimensão moderada (473 km²), consistindo de monzogranitos centrais e sienogranitos na borda, que exibem grande variedade de texturas. A expansão do sistema magmático com acúmulo de voláteis no final de sua formação, como registrado pela cúpula granítica e ampla margem resfriada félsica, teria promovido a reativação do sistema de falhas NW-SE. Isto permite inferir o papel, mesmo reduzido, de mecanismos de alojamento via o soerguimento do teto.  De acordo com o modelo proposto, a construção do CGSS decorre de episódios progressivos e cíclicos de recarga com magma máfico na base de uma soleira sienogranítica precursora, o que é registrado por feições diversificadas de hibridismo nos monzogranitos. Isto acarretou a estratificação do magma residente, que inicia a cristalizar separadamente: monzogranitos hibridizados na base, e sienogranitos a partir de líquidos magmáticos residuais coletados no topo, cuja cristalização foi sucessivamente postergada com a concentração de voláteis (H2 O e F). Episódios subsequentes de recarga máfica, em uma intrusão mais fria e parcialmente solidificada, promoveram o reaquecimento e a consequente maturidade textural e erosão termal das fácies cristalizadas; a remobilização de mushes cristalinos, com reintrusão e co-mingling de magmas hibridizados; e o maior subresfriamento termal no polo máfico. Tais feições apontam para o acúmulo de magmas sienograníticos altamente móveis, que sustentaram uma das câmaras magmáticas alimentadoras do vulcanismo coevo (Formação Acampamento Velho).

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Publicado

2013-12-31

Como Citar

GASTAL, M. C., & FERREIRA, F. J. F. (2013). Discussão dos processos de construção do complexo granítico São Sepé, RS: feições geológicas e petrográficas. Pesquisas Em Geociências, 40(3), 233–257. https://doi.org/10.22456/1807-9806.43440