Paleoecologia do sistema Pinguela-Palmital-Malvas, Holoceno da Bacia de Pelotas, RS, Brasil: uma abordagem focada na utilização de análises multivariadas para obtenção de diatomáceas paleoindicadoras

Autores

  • Guilherme HERMANY Escola Municipal de Educação Básica Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha
  • Paulo A. SOUZA Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Lezilda C. TORGAN Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.22456/1807-9806.40833

Palavras-chave:

Holoceno, planície costeira, Rio Grande do Sul, análises multivariadas, diatomáceas fósseis,

Resumo

No Brasil, o potencial paleontológico das diatomáceas ainda é pouco explorado.Para a Planície Costeira do Rio Grande do Sul, o papel suplementar das diatomáceas nos estudos paleoecológicos efetivados torna-se manifesto em função do inexpressivo número de espécies citadas. Além disso, no que tange ao processamento dos dados nestes estudos, a definição de intervalos fundamentou-se em critérios subjetivos. Uma pesquisa foi desenvolvida visando reconstituir os sucessivos paleoambientes do sistema lacustre Pinguela-Palmital-Malvas na porção emersa norte da Bacia de Pelotas, durante o Holoceno, a partir de 89 amostras do testemunho de sondagem PM-RS-D01 com 4,87 m de profundidade total, com base em diatomáceas. Maior objetividade dentro deste enfoque foi obtida pela definição de espécies indicadoras de conjuntos de unidades amostrais oriundos de níveis de particionamentos significativos em análises de agrupamento. Os resultados demonstraram que, entre 4.600 ±70 anos AP e 3.950 ± 70 anos AP, ocorre alternância entre estratos compostos pela preponderância de espécies mixohalinas e intervalos caracterizados pela supremacia de espécies dulciaqüícolas em um contexto transgressivo; os registros determinados por Actinocyclus normanii refletem períodos de clima mais seco, quando o volume de água doce drenado para a bacia era menor e a evaporação mais intensa. De forma inversa, Aulacoseira cf. agassizii determinou o esclarecimento de etapas de incremento do afluxo lótico por variação positiva do regime pluviométrico. Após 3.950 ± 70 anos A.P., alterações sedimentológicas e bióticas significativas como o estabelecimento de fácies com predomínio de areia e a maior diversidade e abundância de vestígios de espécies perifíticas, caracterizam o início do processo de regressão holocena da Planície Costeira gaúcha. A manutenção da coerência das interpretações paleoambientais obtidas, quando confrontadas a estudos pregressos, e a detecção de processos originais para a região, assinalam a eficiência dos procedimentos estatísticos empregados baseados no estabelecimento de agrupamentos significativos e destaque a espécies reguladoras destes particionamentos.

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Biografia do Autor

Guilherme HERMANY, Escola Municipal de Educação Básica Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha

Possui graduação em Ciências Biológicas Licenciatura pela Universidade de Santa Cruz do Sul (2002), mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005) e doutorado em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2009).

Paulo A. SOUZA, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Graduação em Geologia (1991), mestrado em Geociências (Geologia Sedimentar, 1996) e doutorado em Ciências (Geologia Sedimentar: Paleontologia e Bioestratigrafia, 2000), realizados na Universidade de São Paulo. Entre 1992 e 2002 foi pesquisador científico no Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. A partir de 2002, passou a ser docente da UFRGS e orientador do Programa de Pós-graduação em Geociências da UFRGS. Atuou como pesquisador visitante na Universidade de Tübingen, Alemanha, membro do Comitê de Geociências da FAPERGS entre 2004-2008 e presidente da Comissão Diretora da Asociacion Latinoamericana de Paleobotanica y Palinologia, ALPP (gestão 2005-2008). Atualmente é Editor-Chefe da revista Pesquisas em Geociências, participa como Editor de Publicações da Comissão Diretora da ALPP (gestão 2009-2012), coordenador do Laboratório de Palinologia do DPE/IG/UFRGS, líder do Grupo de Pesquisa "Bioestratigrafia e Paleoecologia" do CNPq e Vice-presidente da IFPS (International Federation of Palynological Societies). Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Palinologia e Paleontologia Estratigráfica, com trabalhos versando sobre palinotaxonomia, bioestratigrafia, palinofácies, paleoambiente e paleoecologia, e diatomáceas, em diversas bacias sedimentares brasileiras e do exterior.

Lezilda C. TORGAN, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1975), mestrado em Botânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1982) e doutorado em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (1997). Técnico superior pesquisador da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul desde 1976. Professora colaboradora e orientadora de Mestrado e Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Botânica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atua também no Programa de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal do RS, como co-orientadora. É editora-chefe da Iheringia, Série Botânica desde 1999 e revisora de 33 periódicos científicos, entre nacionais e internacionais. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Taxonomia de Criptógamas. Desenvolve pesquisas com fitoplâncton e perifíton de águas continentais. É especilalista em diatomáceas e atualmente vem desenvolvendo estudos com esse grupo em ambientes costeiros. Publicou 78 artigos em periódicos científicos nacionais e internacionais e nove capítulos de livros.

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Publicado

2013-05-01

Como Citar

HERMANY, G., SOUZA, P. A., & TORGAN, L. C. (2013). Paleoecologia do sistema Pinguela-Palmital-Malvas, Holoceno da Bacia de Pelotas, RS, Brasil: uma abordagem focada na utilização de análises multivariadas para obtenção de diatomáceas paleoindicadoras. Pesquisas Em Geociências, 40(1), 31–49. https://doi.org/10.22456/1807-9806.40833