Estudo da Tafoflórula do Membro Morro Pelado na Sua Localidade-tipo

Resumo

Este trabalho apresenta o estudo sistemático de uma tafoflórula ocorrente em afloramento do Membro Morro Pelado, Formação Rio do Rasto, Permiano Superior, Santa Catarina, Brasil. Este afloramento, situado na seção-tipo de White (1908) para o “Sistema” de Santa Catarina, apresenta ciclotemas de 1 a 4 m do tipo “finning-up”, os quais foram analisados pelo processo de cadeias markovianas. Os ciclos iniciam por diastemas e são seguidos por arenitos, siltitos e argilitos, geralmente vermelhos. A associação paleoflorística apresenta-se como uma flora à Glossopteris, pobre em elementos gonduânicos, com várias formas nórdicas, sendo constituída principalmente por Sphenophyta, Filicophyta, Pteridophylla, Glossopteridophyta e Cordaitophyta. Dentro da associação são identificadas duas espécies novas: Pecopteris opposita e Dizeugotheca bortoluzzii, esta última pertencente a um gênero ainda não registrado em tafofloras brasileiras. É feito também o registro de várias formas identificadas como Schizoneura gondwanensis Feistmantel. A tafoflórula estudada apresenta afinidade com a Flora Raniganj (Série Damuda Superior, India) e com a flora associada á Série Beaufort Inferior da África, sendo colocada entre as assembleias depositadas no lapso de tempo correspondente ao fim do Kazaniano e parte basal do Tartariano. Na sequência paleoflorística da Bacia do Paraná, a tafoflórula do Membro Morro Pelado é situada em intervalo bio-estratigráfico equivalente ao intervalo da Tafoflora E (Rösler, 1975). As evidências paleobotânicas e paleoclimáticas, associadas aos dados sedimentológicos, permitem supor um paleoambiente do tipo fluvial, com depósitos de planície de inundação e de canais de rios meandrantes, com presença de um clima cíclico, provavelmente temperado.