Determinação das Concentrações de Radônio e dos Processos de Enriquecimento em Minas Subterrâneas, de Fluorita e de Carvão, do Estado de Santa Catarina
DOI:
https://doi.org/10.22456/1807-9806.135755Palavras-chave:
Radônio, Fluorita, Carvão, radioatividade, espectrometria gamaResumo
Este trabalho apresenta a determinação das concentrações de Rn no ambiente de minas subterrâneas, visando ao estabelecimento de correlações entre as concentrações e as características geológicas das minas subterrâneas de fluorita e de carvão do Estado de Santa Catarina. Para a determinação da concentração de Rn, foram utilizados detectores de traços nucleares (Carbonato Diglicol Alílico CR-39). Foram instalados detectores passivos de Rn em locais de maior circulação de pessoas, tais como galerias, corredores de acesso, salas de reunião, almoxarifados, oficinas e shafts. As análises quali-quantitativas de radioatividade das rochas foram realizadas um sistema de espectrometria gama. Os resultados mostram que as minas de carvão apresentam baixos valores de concentração de Rn no ar (< 500 Bq/m3) e não requerem ações protetoras. Isto pode ser explicado pelo fato que o U não tem associação geoquímica direta com o carvão. As baixas concentrações de Ra nas rochas (arenitos e siltitos na capa e na lapa) e no carvão ratificam essa hipótese. Além disso, a eficiência da ventilação normalmente requerida em função da presença de metano, gás combustível, contribui para a redução das concentrações eventuais de Rn no ambiente mineiro. As concentrações de Ra-226 das rochas que compõe a capa e a lapa, bem como do carvão, não apresentam correlação alguma com a concentração de Rn no ar. Essa falta de correlação é esperada porque não se consegue atingir o equilíbrio secular no interior da mina, pois o eficiente sistema de ventilação retira do ambiente mineiro o Rn exalado das rochas. As minas RB e NF, de fluorita, apresentam elevadas concentrações de Rn no ar, acima do intervalo de níveis de ação preconizado pela Agência Internacional de Energia Atômica. Já a mina MF, de fluorita, apresenta valores da concentração de Rn-222 no ar entre 500 e 1500 Bq/m3. As concentrações de Ra-226 do granito normal, da fluorita verde e da fluorita roxa não apresentam correlação alguma com os valores das concentrações de Rn-222 no ar. Porém, a concentração de Ra-226 do granito alterado apresenta tendência a uma correlação positiva com a concentração de Rn no ar. No interior da mina, o granito alterado contribui de forma mais significativa para o aumento da concentração de Rn-222 no ar, quando comparado ao granito normal e à fluorita. Essa maior contribuição pode ser explicada pela alteração intempérica do granito, como fraturas e poros abertos, além da alteração de minerais primários, facilitando, assim, a exalação do Rn do granito alterado.
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