Sedimentos Relíquias, Palimpsestos e as alusões Paleoambientais e Eustáticas

Autores

  • Mauro de Castro Lima Filho Programa de Pós-graduação em Oceanografia Ambiental, Departamento de Oceanografia e Ecologia, Universidade Federal do Espírito Santo. https://orcid.org/0000-0002-3279-2706
  • Valéria da Silva Quaresma Programa de Pós-graduação em Oceanografia Ambiental, Departamento de Oceanografia e Ecologia, Universidade Federal do Espírito Santo. https://orcid.org/0000-0002-7470-6642
  • Alex Cardoso Bastos Programa de Pós-graduação em Oceanografia Ambiental, Departamento de Oceanografia e Ecologia, Universidade Federal do Espírito Santo. https://orcid.org/0000-0002-1272-1134
  • Romero Meyrelles Duarte Programa de Pós-graduação em Oceanografia Ambiental, Departamento de Oceanografia e Ecologia, Universidade Federal do Espírito Santo. https://orcid.org/0000-0002-5841-5167

DOI:

https://doi.org/10.22456/1807-9806.123975

Palavras-chave:

oscilações do nível do mar, Sedimentologia, morfoscopia, morfometria

Resumo

A costa brasileira é caracterizada por ampla diversidade geológica e geomorfológica, contando com diversos sistemas deltaicos e estuarinos. Nesse contexto, em termos de suprimento e dinâmica sedimentar, destaca-se o delta do rio Doce, situado na região norte do estado do Espírito Santo, onde está localizada a área de estudo. Ligados a essa diversidade sedimentológica e às variações eustáticas ocorridas nos últimos milhares de anos, alguns depósitos apresentam registros que destoam do que se deveria obter a partir do atual regime hidrodinâmico, apresentando granulometrias e texturas diferenciadas, sendo classificados em alguns trabalhos como sedimentos relíquias. Assim, visando identificar esses sedimentos reliquiares, o presente trabalho avaliou as principais características morfológicas e texturais dos sedimentos da área, utilizando técnicas e critérios aplicados com a lupa binocular e microscópio eletrônico de varredura (MEV). A partir das análises, sobretudo do grau de arredondamento e feições texturais, foi possível identificar os sedimentos relíquias e verificar a localização geográfica destes depósitos, interpretando se tratar de um paleossistema fluvial do Doce, com características altamente energéticas à época e suas implicações sobretudo eustáticas para a região norte do estado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mauro de Castro Lima Filho, Programa de Pós-graduação em Oceanografia Ambiental, Departamento de Oceanografia e Ecologia, Universidade Federal do Espírito Santo.

Bacharelado em Geologia, Mestrado em Oceanografia Ambiental pela UFES.

Referências

Albino, J. 1999. Processos de sedimentação atual e morfodinâmica das praias de Bicanga a Povoação, ES. Tese de Doutorado. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação Geologia Sedimentar. São Paulo: USP, p. 182.

Anderson, M.J. 2001. A new method for non‐parametric multivariate analysis of variance. Austral Ecology, v. 26, n. 1, p. 32-46.

Baker, H.W. 1976. Environmental sensitivity of submicroscopic surface textures on quartz sand grains; a statistical evaluation. Journal of Sedimentary Research, 46(4): 871-880.

Barrie, J.V., Lewis, C.F.M., Fader, G.B. & King, L.H. 1984. Seabed processes on the northeastern Grand Banks of Newfoundland; Modern reworking of relict sediments. Marine Geology, 57: 209-227.

Bastos, A.C., Quaresma, V.S., Marangoni, M.B.; D'Agostini, D.P.; Bourguignon, S. N.; Cetto, P.H. & Collins, M. 2015. Shelf morphology as an indicator of sedimentary regimes: A synthesis from a mixed siliciclastic–carbonate shelf on the eastern Brazilian margin. Journal of South American Earth Sciences, 63: 125-136.

Berger, A.L. 1978. Long-term variations of daily insolation and Quaternary climatic changes. Journal of the Atmospheric Sciences, 35(12): 2362-2367.

Berger, A.L. 1992. Astronomical theory of paleoclimates and the last glacial-interglacial cycle. Quaternary Science Reviews, 11(5): 571-581.

Bittencourt A.C.S.P., Dominguez J.M.L., Martin L., Silva I.R. & Medeiros K.O.P. 2007. Past and current sediment dispersion pattern estimates through numerical modeling of wave climate: an example of the Holocene delta of the Doce River, Espírito Santo, Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 79(2): 333-341.

Browne, I. 1994. Seismic stratigraphy and relict coastal sediments off the east coast of Australia. Marine Geology, 122(1-2): 81-107.

Camargo, M.G. 2006. SysGran: um sistema de código aberto para análises granulométricas do sedimento. Revista Brasileira de Geociências, 36(2): 371-378.

Catuneanu, O. 2002. Sequence stratigraphy of clastic systems: concepts, merits, and pitfalls. Journal African Earth Science, 35(1): 1-43.

Cetto, P.H., Bastos, A.C., & Ianniruberto, M. 2021. Morphological evidences of eustatic events in the last 14,000 years in a far-field site, East-Southeast Brazilian continental shelf. Marine Geology, 442: 106659.

Costa Júnior, A.A. 2018. Caracterização e distribuição dos minerais pesados ao longo da plataforma continental do Espírito Santo. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Ambiental. Universidade Federal do Espírito Santo. 50 p.

Dias, G.T.M. 1996. Classificação de sedimentos marinhos: proposta de representação em cartas sedimentológicas. In: Anais do XXXIX Congr. Brás. Geol., 3, p. 423-426.

Dias, J.A. 2004. A análise sedimentar e o conhecimento dos sistemas marinhos. Universidade do Algarve. E-Books.

Dominguez, J.M.L., Bittencourt, A.C.S.P. & Martin, L. 1981. Esquema evolutivo da sedimentação quaternária nas feições deltaicas dos rios São Francisco (SE/AL), Jequitinhonha (BA), Doce (ES) e Paraíba do Sul (RJ). Revista Brasileira de Geociências, 11(4): 227-237.

Emery, K.O. 1968. Relict sediments on continental shelves of world. AAPG Bulletin, 52(3): 445-464.

Gao, S. & Collins, M., 1991. A critique of the Mclaren method for defining sediment transport paths-discussion. Journal of Sedimentary Petrology, 61: 143-146.

Hammer, Ø., Harpista, D.A.T. & Ryan, P.D. 2001. Past: Pacote de software de estatísticas paleontológicas para educação e análise de dados. Paleontologia Electronica, 4: 1-9.

Harris, P.T. & Macmillan-Lawler, M. 2018. Origin and geomorphic characteristics of ocean basins. In: Submarine Geomorphology. Springer, Cham, p. 111-134.

Hatushika, R.S., Mello, C.L., & Silva, C.G. 2005. Evidências de atuação neotectônica na formação do lago Juparanã-Linhares (ES). In: Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário (Vol. 10).

Hatushika, R.S., Mello, C.L., & Silva, C.G. 2007. Sismoestratigrafia de alta resolução no lago Juparanã, Linhares (ES-Brasil) como base para estudos sobre a sedimentação e tectônica quartenária. Revista Brasileira de Geofísica, 25(4): 433-442.

Helland, P.E., Huang, P. & Diffendal, R.F. 1997. SEM analysis of quartz sand grain surface textures indicates alluvial/colluvial origin of the Quaternary “glacial” boulder clays at Huangshan (Yellow Mountain), East-Central China. Quaternary Research, 48(2): 177-186.

Kalińska E. & Nartišs, M. 2014. Pleistocene and Holocene aeolian sediments of different location and geological history: A new insight from rounding and frosting of quartz grains. Quaternary International, 328–329: 311-322.

Krinsley, D.H. & Doornkamp, J.C. 1973. Atlas of sand grain surface textures. Univ. Press Cambridge, Cambridge, 91 p.

Krinsley, D.H. & Doornkamp, J.C. 2011. Atlas de texturas de superfície de areia de quartzo. Cambridge University Press.

Landim, P.M.B. 2000. Análise estatística de dados geológicos multivariados. Laboratório de Geomatemática, DGA, IGCE, UNESP/Rio Claro, Texto Didático 03, 128p.

Larsonneur, C. 1977. La cartographie de’s dépots meubles sur le plateau continental français: méthode mise du points et utilisée em Manche. J. Rech. Océanographique, 2: 34-39.

Leeder, M.R. 1982. Clastic shelves. In: Sedimentology. Springer, Dordrecht. p. 202-210.

Le Roux, J.P., O'Brien, R.D., Rios, F., Cisternas, M., 2002. Analysis of sediment transport paths using grain-size parameters. Computers & Geosciences, 28: 717-721

LIGUS (Laboratoire de l'Institut de Geographié de l'Université de Strasbourg). 1958. Methodé améliorée pour l'étude des sables. Rev. Géom. Dyn, IV: 43-53.

Lorente, F.L., Pessenda, L.C.R., Oboh-Ikuenobe, F., Junior, A.A.B., Rossetti, D.F., Giannini, P.C.F., Cohen, M.C.L., Oliveira, P.E., Mayle, F.E., Francisquini, M.I., França, M.C., Bendassolli, J.A. & Macario, K. 2018. An 11,000-year record of depositional environmental change based upon particulate organic matter and stable isotopes (C and N) in a lake sediment in southeastern Brazil. Journal of South American Earth Sciences, 84: 373-384.

Machado, G.M.V., Albino, J., Leal, A.P. & Bastos, A.C. 2016. Quartz grain assessment for reconstructing the coastal palaeoenvironment. Journal of South American Earth Sciences, 70: 353-367.

Martins, I.R., Martins, L.R. & Urien, C.M. 1978. Sedimentos relíquias na plataforma continental brasileira. Pesquisas, 9(9): 76-91.

Martins, L.R. 1965. Significance of skewness and kurtosis in environmental interpretation. Journal of Sedimentary Research, 35(3): 768-770.

McLaren, P. 1981. An interpretation of trends in grain size measure. Journal of Sedimentary Petrology, 51 (2): 611-624.

Mörner, N.A. 1976. Eustasy and Geoid Changes. The Journal of Geology, 84(2): 123-151.

Mycielska-Dowgiallo, E. & Woronko, B. 2004. The degree of aeolization of Quaternary deposits in Poland as a tool for stratigraphic interpretation. Sedimentary Geology, 168: 149-163.

Narayana, A.C., Mohan, R. & Mishra, R. 2010. Morphology and surface textures of quartz grains from freshwater lakes of McLeod Island, Larsemann Hills, East Antarctica. Current Science (Bangalore), 99(10): 1420-1424.

Nordstrom, C.E. & Margolis, S.V. 1972. Sedimentary history of central California shelf sands as revealed by scanning electron microscopy. Journal of Sedimentary Research, 42(3): 527-536.

Oliveira, T., Albino, J., & Venancio, I. 2015. Transporte longitudinal de sedimentos no litoral da planície deltaica do Rio Doce. Quaternary and Environmental Geosciences, 6(1): 20-25.

Paillard, D. 2013. Quaternary glaciations: from observations to theories (Milankovic Medal Lecture). In: EGU General Assembly Conference Abstracts. p. 14249.

Paillard, D. 2015. Quaternary glaciations: from observations to theories. Quaternary Science Reviews, 107: 11-24.

Pettijohn, F.J., Potter, P.E. & Siever, R. 1987. Sand and Sandstone, 2nd, 533 p.

Poizot, E. & Méar, Y. 2010. Using a GIS to enhance grain size trend analysis. Environmental Modelling & Software, 25(4): 513-525.

Polizel, S.P. & Rossetti, D.F. 2014. Caracterização morfológica do delta do rio Doce (ES) com base em análise multissensor. Revista Brasileira de Geomorfologia, 15(2): 311-326.

Powers, M.C. 1953. A new roundness scale for sedimentary particles. Journal of Sedimentary Research, 23(2): 117-119.

Quaresma, V.D.S., Catabriga, G., Bourguignon, S.N., Godinho, E. & Bastos, A.C. 2015. Modern sedimentary processes along the Doce river adjacent continental shelf. Brazilian Journal of Geology, 45(4): 635-644.

Rajganapathi, V.C., Jitheshkumar, N., Sundararajan, M., Bhat, K.H. & Velusamy, S. 2013. Grain size analysis and characterization of sedimentary environment along Thiruchendur coast, Tamilnadu, India. Arabian Journal of Geosciences, 6(12): 4717-4728.

Reading, H.G. 1996. Sedimentary Environments: Processes, Facies and Stratigraphy. 3rd. Edition. Blackwell Science. Oxford.

Rossetti, D.F., Polizel, S.P., Cohen, M.C.L. & Pessenda, L.C.R. 2015. Late Pleistocene–Holocene evolution of the Doce River delta, southeastern Brazil: implications for the understanding of wave-influenced deltas. Marine Geology, 367: 171-190.

Shepard, F.P. 1932. Sediments of the continental shelves. Bulletin of the Geological Society of America, 43(4): 1017-1040.

Silva, J.G.R. 2007. Ciclos orbitais ou ciclos de Milankovitch. Textos de Glossário Geológico Ilustrado.

Swift, D., Stanley, D., & Curray, J. 1971. Relict Sediments on Continental Shelves: A Reconsideration. The Journal of Geology, 79(3): 322-346.

Suguio, K., Martin, L. & Dominguez, J.M.L. 1982. Evolução da planície costeira do Rio Doce (ES) durante o Quaternário: influência das flutuações do nível do mar. In: Simpósio do Quaternário no Brasil, 4. Rio de Janeiro.

Tudor, F.M. 2017. Critérios de reconhecimento dos depósitos de inundação tsunamigénica no contexto do Ordenamento do Território. Dissertação de Mestrado em Geografia Física e Ordenamento do Território, IGOT/Ulisboa – Universidade de Lisboa.

Vieira, F.V., Bastos, A.C., Quaresma, V.S., Leite, M.D., Costa Jr., A., Oliveira, K.S., Dalvi, F.D., Bahia, R.G., Holz., V.L., Moura, R.L., & Amado Filho, G.M. 2019. Along-shelf changes in mixed carbonate-siliciclastic sedimentation patterns. Continental Shelf Research, 187, 103964.

Vos, K., Vandenberghe, N. & Elsen, J. 2014. Surface textural analysis of quartz grains by scanning electron microscopy (SEM): From sample preparation to environmental interpretation. Earth-Science Reviews, 128: 93-104.

Warrier, A. K., Pednekar, H., Mahesh, B.S., Mohan, R. & Gazi, S. 2016. Sediment grain size and surface textural observations of quartz grains in late quaternary lacustrine sediments from Schirmacher Oasis, East Antarctica: Paleoenvironmental significance. Polar Science, 10(1): 89-100.

Zecchin, M., Ceramicola, S., Lodolo, E., Casalbore, D., & Chiocci, F.L. 2015. Episodic, rapid sea-level rises on the central Mediterranean shelves after the last glacial maximum: a review. Marine Geology, 369, 212-223.

Downloads

Publicado

2023-02-24

Como Citar

Lima Filho, M. de C., Quaresma, V. da S., Bastos, A. C., & Duarte, R. M. (2023). Sedimentos Relíquias, Palimpsestos e as alusões Paleoambientais e Eustáticas. Pesquisas Em Geociências, 49(4), e123975. https://doi.org/10.22456/1807-9806.123975