Descentrar o Tempo, Reescrever o Brasil / Decentering Time, Rewriting Brazil
Nego Bispo e as Temporalidades Insurgentes / Nego Bispo and Insurgent Temporalities
DOI:
https://doi.org/10.22456/1981-4526.144350Palavras-chave:
Contracolonial, Quilombos, Resistência, Nego BispoResumo
Possuidor de um pensamento responsivo e uma das principais vozes do movimento quilombola no Brasil, Antônio Bispo dos Santos, ou Nego Bispo como ficou mais conhecido, é responsável pela elaboração de uma reflexão crítica baseada na valorização da ancestralidade africana, da cultura quilombola e da resistência contra os sistemas de opressão históricos e contemporâneos. Para ele, o quilombo não é apenas um espaço físico de refúgio, mas um conceito político, social e cultural que expressa modos de vida antagônicos ao sistema capitalista e colonial, de forma que os quilombos representam um projeto civilizatório alternativo, construído a partir da autonomia, da coletividade e da harmonia com a natureza. Ao classificar a colonialidade como a persistência das estruturas e mentalidades coloniais nas sociedades modernas, que não apenas invadiu territórios físicos, mas também impôs epistemologias que subjugam os saberes e práticas de povos originários e afrodescendentes, Nego Bispo propõe o resgate e a valorização dos saberes ancestrais como forma de resistir e construir novos paradigmas através do reconhecimento de que os saberes produzidos nos quilombos é legítimo e fundamental para enfrentar as crises sociais e ambientais contemporâneas. Sua crítica de que o desenvolvimento promovido pelo capitalismo e sustentada pelo Estado é incompatível com a preservação da vida, pois está alicerçado na exploração desenfreada dos recursos naturais e na desigualdade social, é um segundo aspecto importante de seu pensamento, que em contrapartida propõe o fortalecimento dos sistemas de vida quilombolas, fundamentados na relação confluente e equilibrada entre o humano e o ambiente, através de uma economia baseada na partilha e no bem-estar coletivo.
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