Notas para a leitura crítica de uma “pedagogia do poema” em O ritmo dissoluto, de Manuel Bandeira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/1981-4526.142877

Palavras-chave:

poesia brasileira, catarse, vivência receptiva, Manuel Bandeira, György Lukács

Resumo

Este artigo aborda a poesia de Manuel Bandeira, enfocando um conjunto de poemas do livro O ritmo dissoluto, publicado pela primeira vez em 1924. O livro é representativo do “Ciclo do Curvelo e da Mosela”, composto por obras que realizam a transição da obra de Bandeira do clima lírico finissecular a uma dicção mais cotidiana e sintonizada com a estética modernista. Entre os poemas de O ritmo dissoluto, destaca-se, nesta proposta de leitura crítica, o conjunto composto pelos textos: “Sob o céu todo estrelado”, “Gesso”, “Noite morta”, “Balõezinhos” e “A estrada”. Especialmente esse último poema citado é referenciado com o objetivo de levantar questões relacionadas à forma como Bandeira passa a entender a poesia, seu significado humano e sua função social. A principal hipótese aqui apresentada é a de que os poemas que compõem esse conjunto configuram aos olhos do leitor o momento da composição estética experienciado pelo autor e instam o leitor a passar por uma vivência receptiva a partir da configuração do poema. Para a análise do que se propõe nomear como “pedagogia do poema” em Manuel Bandeira, são mobilizados conceitos e noções trabalhados pelo filósofo György Lukács na Estética, tais como “vivência receptiva” e “catarse”.

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Biografia do Autor

Alexandre Pilati, Universidade de Brasília

Alexandre Pilati é mestre e doutor em literatura brasileira pela Universidade de Brasília - UnB. É Professor Adjunto IV do Departamento de Teoria Literária e Literaturas da UnB e membro do Programa de Pós-Graduação em Literatura e Práticas Sociais (POSLIT/UnB). Realizou estágio pós-doutoral na Universidad de Buenos Aires (Argentina) e foi professor visitante da Università degli Studi di Perugia (Itália). É pesquisador do Grupo de Pesquisa Literatura e Modernidade Periférica, atuando principalmente nos seguintes temas: poesia moderna e contemporânea, ensino de literatura e crítica literária dialética. É autor, entre outros, de Pasolini: poesia, paixão e política (Editora UnB, 2023).

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Publicado

2024-12-17

Como Citar

Pilati, A. (2024). Notas para a leitura crítica de uma “pedagogia do poema” em O ritmo dissoluto, de Manuel Bandeira. Nau Literária, 20(2), e–142877. https://doi.org/10.22456/1981-4526.142877

Edição

Seção

Dossiê: O Realismo e sua atualidade: arte, literatura e impasses intelectuais frente aos desafios da democracia