Crítica da alteridade e experiência da judaicidade diaspórica nas obras: No exílio, de Elisa Lispector (1948) e Arrancados da terra, de Lira Neto (2021)
DOI:
https://doi.org/10.22456/1981-4526.119677Palabras clave:
Judaicidade, Diáspora, Alteridade, Lira Neto, Elisa LispectorResumen
A ascensão dos regimes fascistas levou à desintegração política, moral e econômica dos Estados-nação europeus entre a primeira e a segunda guerra mundial. A falência evidente do modelo foi constata pelo surgimento de um novo grupo de vítimas, “cujos sofrimentos eram muito diferentes”, pois perderam “aqueles direitos que até então eram tidos e definidos como inalienáveis [...] os Direitos do Homem” (AREDNT, 2012, p. 370). A análise da condição pária destes grupos e o contexto de ruptura dos poderes hegemônicos leva Arendt (2012) a concluir que é a própria humanidade, e não a História, o Estado ou a Tradição quem deve garantir o que ela chama de ‘direito a ter direitos”. Butler (2017), em sua crítica do sionismo, retoma essa constatação de Arendt e desenvolve, a partir dela e das propostas críticas de Freud, Walter Benjamin e Said uma crítica do sionismo que atribui à judaicidade, sobretudo à diaspórica, um potencial ético de compromisso com a humanidade, com a igualdade social, e de oposição à violência de Estado. Segundo Butler (2017), um novo paradigma para se pensar uma ética da pluralidade surge da experiência secular de diáspora, exílio e parianismo da história judaica. Sua tese pode ser verificada em representações literárias que nos permitem amparar essas reflexões em uma estrutura narrativa ficcional, e não, e em contextos historicamente situados. No caso, trata-se da biografia coletiva de Lira Neto (2021), Arrancados da Terra; e da biografia ficcional de Elisa Lispector (1948), No exílio. Neste artigo, pretende-se, primeiro, articular os autores citados em uma síntese da abordagem proposta por Butler (2017) para, então, analisar sua potencialidade nas obras de história e literatura selecionadas.
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Citas
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