Músicos no Rio de Janeiro oitocentista: três contos de Machado de Assis

Autores

  • Denise de Quintana Estacio

DOI:

https://doi.org/10.22456/1981-4526.104852

Palavras-chave:

Machado de Assis, contos, músicos, Rio de Janeiro.

Resumo

Os contos discutidos neste texto, “Cantiga de esponsais” (1883), “O machete” (1878) e “Um homem célebre” (1888), possuem em comum a presença central de um conflito interno, marcado pelo descompasso entre o desejo e a capacidade de composição, em todos protagonistas, o que, de certo modo, reflete a impossibilidade de traduzir a experiência brasileira na forma erudita. Nos três contos, as personagens centrais, homens das camadas populares e de ascendência africana, ilustram a vida de músicos no Rio de Janeiro oitocentista em três momentos deferentes – 1813, meados do século e anos 1870 – e, dessa forma, apresentam as contradições inerentes ao contexto urbano escravista do período. A música, assim como o trabalho dos homens livres, não abria espaço para a mobilidade social, porém inseria o músico em uma posição diferenciada no ambiente urbano. Mestre Romão, Inácio Ramos e Pestana possuem formação erudita e vivem em espaços reservados às camadas populares da cidade ao mesmo tempo em que convivem com grupos da elite e pessoas de gosto musical mais refinado. Sua profissão, portanto, torna-se uma peculiar marca de distinção que destaca ainda mais a realidade contraditória do próprio país, liberal e escravista ao mesmo tempo.

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Publicado

2020-07-01

Como Citar

Estacio, D. de Q. (2020). Músicos no Rio de Janeiro oitocentista: três contos de Machado de Assis. Nau Literária, 16(1), 20–36. https://doi.org/10.22456/1981-4526.104852