A TRAMA DO BORDADO
UM EXERCÍCIO DE COMPARAÇÃO MÍTICA
Resumen
Sendo inseparáveis do cotidiano e do pensamento de inúmeros grupos humanos, os mitos são histórias que levam ao limite noções como alteridade e diferença. Por este motivo, o estudo da mitologia levanta reflexões teóricas importantes para a antropologia como um todo, além de trazer resultados óbvios para etnólogos e para aqueles que lidam com temáticas relacionadas às artes, sistemas de pensamento ou religião. Comparando dois conjuntos míticos distintos, em contextos etnográficos bem delimitados – um coletivo artístico de indígenas oeste-amazônicos e o culto a uma divindade africana no candomblé brasileiro – este artigo retoma algumas estratégias heurísticas para analisar a lógica interna e as transformações das narrativas míticas em certos códigos artístico-expressivos. Ao fazê-lo, tencionamos recolocar o problema da comparação antropológica, reavaliando a diferenciação entre nós/ eles – entre sociedades ameríndias e sociedades que prestam culto aos antepassados – tal como estabelecida pela etnologia indígena brasileira ultimamente. Este artigo homenageia os sessenta anos de lançamento do primeiro volume das “Mitológicas” de Lévi-Strauss sendo, portanto, um elogio e, com sorte, uma proposta de renovação da ciência e dos métodos legados por este autor.