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Autores

  • Alline Morgana Silva Leite Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) – Campus Bambuí https://orcid.org/0009-0005-6558-3598
  • Candice Mara Bertonha Instituto Federal de Minas Gerais https://orcid.org/0000-0001-9406-116X
  • Carlos Augusto Araújo Valadão Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Campus Jaboticabal https://orcid.org/0000-0001-5283-7310
  • Bruno Fornitano Cholfe Centro Universitário de Rio Preto
  • Murilo Takeda

DOI:

https://doi.org/10.22456/1679-9216.140962

Palavras-chave:

Analgesia, Cavalo, Motilidade, Opioides

Resumo

Introdução – Os opioides são utilizados amplamente na medicina veterinária, porém com uso restrito em equinos devido aos seus potenciais efeitos adversos, como redução da motilidade intestinal e excitação. A morfina e o tramadol são opioides recomendados para o controle da dor em equinos, e a absorção destes fármacos pela via epidural é relativamente lenta devido à baixa lipossolubilidade, resultando em maior duração do efeito analgésico e redução dos efeitos indesejáveis. Diante disso, objetivou-se monitorar as alterações clínicas e comportamentais de equinos submetidos a administração de mofina ou tramadol pela via epidural.

Materiais e Métodos – Oito equinos (dois machos e seis fêmeas), com peso médio de 336,3 ± 33,4 kg e idade de 5,5±1,3 anos foram alocados em três grupos, em delineamento tipo “cross-over”, em que se foi administrado 1 mg/kg de tramadol (GT), 0,2 mg/kg de morfina (GM) e NaCl 0,9% (GC), em cateter epidural previamente implantado. Os parâmetros clínicos frequência cardíaca (FC), frequência respiratória(f), temperatura retal (TR) foram mensurados antes da administração do tratamento (MB), cinco (M5), dez (M10), 20 (M20), 30 (M30), 40 (M40), 50 (M50) e 60 minutos (M60) após a injeção epidural.  Os escores de motilidade intestinal, latência para defecar e alterações comportamentais, foram avaliados em  MB, M10, M30, M60, 120 (M120), 240 (M240), 480 (M480) e 960 minutos (M960) após a administração do tratamento. Os dados paramétricos foram submetidos à análise de variância de uma via, com o reteste de Student-Newman-Keuls e os dados não paramétricos ao teste de Friedman ou Kruskal-Wallis seguido pelo teste de Dunn’s, ambos com significância estabelecida em p ≤ 0,05.

Resultados –A temperatura retal aumentou consideravelmente nos animais do GC a partir de MB (36,8ºC) até M60 (37,4ºC) e no GM em M20 e M60 (37,4ºC) em relação ao MB (36,9ºC). Os valores de FC, f e escores de motilidade do lado esquerdo não apresentaram variações significativas entre os grupos e momentos. Entretanto, ocorreu redução de 40% dos escores da motilidade intestinal do lado direito (quadrante superior e inferior) no GM. Além disso, o escore da motilidade intestinal total (somatória dos quatro quadrantes), após 30 minutos da administração do tratamento, que se manteve reduzida até M120, em comparação ao MB. Concomitante a isso, 50% dos animais do GM aumentaram a latência para defecar, apesar de não significativa.

Discussão – A manutenção dos parâmetros de frequência cardíaca e frequência respiratória após administração de 0,2 mg/kg de morfina pela via epidural está relacionada a ausência de interferência simpática e via de administração. Do mesmo modo, o estudo não detectou diferenças significativas após administração epidural de tramadol na dose de 1 mg/kg do sistema cardiorrespiratório. Geralmente, tais alterações são associadas a doses elevadas, associações com outras classes farmacológicas ou uso exacerbado do opioide. O aumento da temperatura corporal no GC e GM presumivelmente está associado as condições climáticas, pois acredita-se que opioides não interferiam neste parâmetro. A queda do escore da motilidade intestinal do lado direito e total em GM, desencadeou aumento na latência para defecar, que pode ser associada ao bloqueio dos receptores opioides no sistema nervoso mioentérico, que promove a redução do tônus colinérgico. Ausência de alterações no escore da motilidade e latência para defecar após a administração epidural do tramadol foi constatada, assim como já evidenciada após a administração pela via oral ou intravenosa.T As discretas alterações e a ausência de variações dos parâmetros clínicos provocadas pela administração pela via epidural da morfina e tramadol em equinos, respectivamente, reforçam o uso de tais fármacos no controle da dor, visto o potencial analgésico, já comprovado em estudos anteriores.

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Arquivos adicionais

Publicado

2024-10-30

Como Citar

Silva Leite, A. M., Bertonha, C. M., Araújo Valadão, C. A., Fornitano Cholfe, B., & Takeda, M. (2024). english. Acta Scientiae Veterinariae, 52(1). https://doi.org/10.22456/1679-9216.140962

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