Linfoma Palpebral em Felino
DOI:
https://doi.org/10.22456/1679-9216.140320Palavras-chave:
Linfoma, Neoplasia Palpebral, Extranodal, Biópsia, QuimioterapiaResumo
Background: Os linfomas representam cerca de 80% dos tumores hematopoiéticos em felinos. Esta espécie pode apresentar a neoplasia espontaneamente ou por ação oncogênica viral, sendo que o FIV pode exercer um papel oncogênico direto, enquanto o FeLV tem sido o principal agente viral envolvido. Os linfomas combinados possuem predisposição em felinos sem raça definida entre 1 a 15 anos de idade, onde 37,5% são soropositivos para FIV ou para FeLV e somente 12,5% para ambos. O diagnóstico deve incluir exames de imagem, análise citológica e/ou histopatológica do tecido comprometido. O estadiamento e fatores prognósticos dependem da localização do tumor, se ele pode ser tratado com terapia isolada, como intervenções cirúrgicas, ou requer terapêuticas sistêmicas como a quimioterapia e/ou radioterapia. Objetiva-se relatar um caso de linfoma palpebral em felino negativo para FIV/FeLV, em estágio IV apresentando estado de remissão palpebral total após tratamento quimioterápico e estabilidade clínica durante monitoramento de 6 meses.
Caso: Foi atendido um felino, sem raça definida (SRD), fêmea, 10 anos de idade, castrada, 3,8kg de massa corpórea, cuja queixa principal se baseava na não abertura do olho direito, em decorrência da presença de um nódulo em pálpebra inferior. Com a presença da neoplasia palpebral em olho direito e em virtude da idade da paciente, fora realizada radiografia de tórax e ultrassonografia abdominal, fornecendo alterações gastrointestinais, hepáticas e em linfonodos mesentéricos. Diante dos achados, levantou-se suspeita clínica de um quadro oncológico multifocal, optando pela biópsia incisional do nódulo palpebral para encaminhando ao exame histopatológico, a fim de definir o diagnóstico. O resultado da análise histopatológica foi conclusivo para linfoma, sendo necessário o tratamento quimioterápico para remissão tumoral, visto que havia inabilidade da paciente em abrir o olho e por se tratar de uma neoplasia de caráter maligno. Após a sexta sessão a paciente teve alta, sendo monitorada mensalmente, totalizando atualmente seis meses de acompanhamento hematológico dentro da normalidade e sem sinais de recidiva tumoral.
Discussion: Os locais extranodais onde o linfoma felino frequentemente se desenvolve incluem os rins, baço, tonsilas, olhos, região nasal e sistema nervoso central. As neoplasias que cursam com desconforto oftálmico podem desenvolver alterações bulbares prejudiciais a visão. Com a análise histopatológica pós biópsia, foi possível classificar a paciente com linfoma de forma combinada no estágio IV, o qual deve apresentar tumor extranodal único em área anatômica, neste caso a neoplasia palpebral, associado com a presença de alterações intestinais com ou não implicação dos linfonodos mesentéricos, além do envolvimento do fígado ou baço, corroborando com os achados dos exames complementares. Geralmente, a percentagem de gatos com linfoma que usufrui de uma resposta completa à quimioterapia é entre 50% a 70%, o tempo de médio de remissão é de 4 meses e o tempo de sobrevivência médio é de 6 meses. A associação entre a vincristina e prednisolona obteve resultado satisfatório neste caso, pois cumpriu o objetivo de remissão total da neoplasia palpebral e proporcionou estabilidade no quadro sistêmico, não havendo recidivas do nódulo extranodal ou sinais de agravamento clinico geral. Felinos negativos para FIV/FeLV podem desenvolver processos neoplásicos isolados ou multifocais, cujos quais quando presentes em região periocular, devem ser diagnosticados brevemente e submetidos a terapias efetivas, a fim de evitar complicações oftálmicas que agravem o quadro clínico do paciente, bem como promover qualidade e expectativa de vida com a resolução total e/ou estabilidade das alterações diagnosticadas.
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