Osteossíntese de Tíbia Associada a Correção de Luxação Medial de Patela em Cão
DOI:
https://doi.org/10.22456/1679-9216.135026Palavras-chave:
Orthopedics, fracture, dislocation, patelar, stifle, canineResumo
Background: As placas ósseas bloqueadas consistem em um sistema de fixação capaz de neutralizar as forças atuantes em fraturas através de um mínimo contato com o tecido ósseo, sendo seu uso favorável e frequente na correção de fraturas diafisárias tibiais. A luxação patelar medial é uma das afecções ortopédicas mais comuns na clínica de pequenos animais, sendo a correção efetiva desta condição realizada através da combinação de técnicas cirúrgicas envolvendo tecidos moles e tecido ósseo, tendo como objetivo principal realinhar o mecanismo extensor do joelho. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi relatar a associação técnicas de osteossíntese utilizando placa bloqueada em ponte para reparação da fratura tibial combinada com a transposição da tuberosidade tibial e imbricação do retináculo lateral para correção da luxação patelar.
Case: Foi atendido um canino, fêmea, de 5 anos de idade, da raça Spitz Alemão, pesando 4,3 kg, com o histórico de impotência funcional do membro pélvico esquerdo há 4 dias, após ter o membro preso no portão. Nos exames ortopédico e radiográfico foi evidenciado uma fratura cominutiva diafisária em tíbia e fíbula esquerdas, além de deslocamento medial da patela em relação ao sulco troclear. Para correção cirúrgica da fratura tibial, foi optado pelo método de osteossíntese por placa óssea bloqueada em ponte na face medial da tíbia. Em seguida, a incisão cirurgica foi ampliada cranialmente para permitir a realização da correção da luxação patelar através da técnica de transposição da tuberosidade tibial: com uma serra oscilatória, realizou-se uma osteotomia linear na crista tibial, em seguida, a crista foi translocada lateralmente e fixada com pinos Kirschner. Por fim, também foram realizados a liberação do retináculo medial e imbricação do retináculo lateral.
Discussion: A correção cirúrgica de fraturas tibiais cominutivas diafisárias pode ser feita utilizando toda a gama de métodos de fixação óssea existentes, interno e externo. A escolha do método adequado deve levar em consideração fatores biológicos (idade e estado geral do animal, nível de comprometimento de tecidos moles adjacentes e grau de aporte sanguíneo), fatores mecânicos (estabalecer a classificação e grau de estabilidade da fratura, porte e nível de atividade do paciente, além do número de membros acometidos), e fatores práticos (reconhecer limitações financeiras, preferência e capacidade do cirurgião). Nesse sentido, optou-se pelo uso de fixação com placas ósseas bloqueadas, um sistema interno capaz de neutralizar as forças axial, rotacional e de flexão. A estabilidade nestes implantes é conferida pelo encaixe da cabeça do parafuso à placa, permitindo que a estabilização não dependa da compressão entre o implante e o osso. Na evolução do caso, o exame radiográfico 30 dias pós-operatório constou formação de calo ósseo insuficiente, no entanto, é importante ressaltar que esse período ainda é recente para diagnosticar uma união retardada, uma vez que o período de cicatrização óssea para um animal adulto varia de 16 a 30 semanas. Diante dos fatos descritos, é possível concluir que a associação das técnicas de osteossíntese com placa bloqueada, transposição da tuberosidade tibial e imbricação do retináculo lateral mostrou-se efetiva na correção de de uma patologia preexistente em associação com a correção de um problema recente, como é o caso da fratura tibial.
Downloads
Referências
Bound N., Zakai D., Butterworth S.J. & Pead M. 2009. The prevalence of canine patellar luxation in three centres: Clinical features and radiographic evidence of limb deviation. Veterinary and Comparative Orthopaedics and Traumatology. 22: 32-37. DOI: 10.3415/VCOT-08-01-0009. DOI: https://doi.org/10.3415/VCOT-08-01-0009
DeAngelis M.V. 1971. Patellar Luxation in Dogs. Veterinary Clinics of North America. 1(3): 403-415. DOI: 10.1016/s0091-0279(71)50052-1. DOI: https://doi.org/10.1016/S0091-0279(71)50052-1
Dona F.D., Valle G.D. & Fatone G. 2018. Patellar luxation in dogs. Veterinary Medicine: Research and Reports. 9: 23-32. DOI: 10.2147/VMRR.S142545. DOI: https://doi.org/10.2147/VMRR.S142545
Ferrigno C.R.A., Cunha, O., Izquierdo D.F.C., Ito K. C., Della Nina M.I., Mariani T.C. & Ferraz V.C.M. 2011. Resultados clínicos e radiográficos de placas ósseas bloqueadas em 13 casos. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science. 48: 512-518. DOI: 10.11606/S1413-95962011000600010. DOI: https://doi.org/10.11606/S1413-95962011000600010
Hayashi K. & Kapatkin A.S. 2012. Fractures of the Tibia and Fibula. In: Johnston S.A. & Tobias K.M. (Eds). Veterinary Surgery: Small Animal. 2nd edn. St. Louis: Elsevier Saunders, pp.999-1013.
Hodgman S.F.J. 1963. Abnormalities and Defects in Pedigree Dogs – An investigation into the existence of abnormalities in pedigree dogs in the British Isles. Journal of Small Animal Practice. 4(6): 447-456. DOI: 10.1111/j.1748-5827.1963.tb01301.x. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1748-5827.1963.tb01301.x
Johnson A.L. 2014. Fraturas Diafisárias da Tíbia e Fíbula. In: Fossum T.W. (Ed). Cirurgia de Pequenos Animais. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, pp.1201-1208.
Kowaleski M.P., Boudrieau R.J. & Pozzi A. 2012. Stifle joint. In: Johnston S.A. &Tobias K.M. (Eds). Veterinary Surgery: Small Animal. 2nd edn. St. Louis: Elsevier Saunders, pp.906-998.
Moens N. 2022. Luxação de patela. In: Minto B.W. & Dias L.G.G. (Eds). Tratado de Ortopedia de Cães e Gatos. São Paulo: Editora MedVet, pp.1162-1189.
O’Neill D.G., Meeson R.L., Sheridan A., Church D.B. & Brodbelt D.C. 2016. The Epidemiology of Patelar Luxation in Dogs Attending Primary – Care Veterinary Practices in England. Canine Genetics and Epidemiology. 3: 4. DOI: 10.1186/s40575-016-0034-0. DOI: https://doi.org/10.1186/s40575-016-0034-0
Piermattei D.L. & Flo G.L. 1999. The Stifle Joint. In: Handbook of Smal Animal Orthopedics and Fracture Repair. 4th edn. St. Louis: Saunders Elsevier, pp.562-632.
Piermattei D.L. & Flo G.L. 1999. Delayed Union and Nonunion. In: Handbook of Smal Animal Orthopedics and Fracture Repair. 4th. edn. St. Louis: Saunders Elsevier, pp 168-176.
Roush J.K. 1993. Canine Patellar Luxation. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. 23(4): 855-868. DOI: 10.1016/s0195-5616(93)50087-6. DOI: https://doi.org/10.1016/S0195-5616(93)50087-6
Singleton W.B. 1969. The surgical correction of stifle deformities in the dog. Journal of Small Animal Practice. 10: 59-69. DOI: 10.1111/j.1748-5827.1969.tb04021.x. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1748-5827.1969.tb04021.x
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Isabela Fogolin, Caroline Ribeiro de Andrade, Guilherme Galhardo Franco

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
This journal provides open access to all of its content on the principle that making research freely available to the public supports a greater global exchange of knowledge. Such access is associated with increased readership and increased citation of an author's work. For more information on this approach, see the Public Knowledge Project and Directory of Open Access Journals.
We define open access journals as journals that use a funding model that does not charge readers or their institutions for access. From the BOAI definition of "open access" we take the right of users to "read, download, copy, distribute, print, search, or link to the full texts of these articles" as mandatory for a journal to be included in the directory.
La Red y Portal Iberoamericano de Revistas Científicas de Veterinaria de Libre Acceso reúne a las principales publicaciones científicas editadas en España, Portugal, Latino América y otros países del ámbito latino