Calcium Carbide Poisoning in a Dog - Ultrasound Findings
DOI:
https://doi.org/10.22456/1679-9216.130030Palavras-chave:
ultrasonography, dog, intoxication, toxicity.Resumo
Antecedentes: O carboneto de cálcio tem sido utilizado não só na indústria, mas também está presente no ambiente doméstico. Essa substância passa por reações químicas que levam à liberação de gás acetileno e calor sendo capaz de causar queimaduras, lesões em mucosas, olhos e pele, depressão do sistema nervoso central e também descrita como agente anestésico. É letal em concentrações de 35% para humanos e 80% para cães. Embora sejam escassos os relatos que envolvem essa substância em animais, os atendimentos de emergência relacionados à intoxicação fazem parte da rotina clínica de pequenos animais. Este relato tem como objetivo descrever os achados laboratoriais e ultrassonográficos em um caso de intoxicação por carboneto em um cão.
Caso: Um cão American Staffordshire Terrier de oito anos de idade com histórico de êmese, diarreia sanguinolenta, hiporexia, oligodipsia e ingestão de carboneto de cálcio por três dias foi admitido para atendimento médico no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria. A paciente tinha diagnóstico prévio de hipoadrenocorticismo sendo tratada com liotironina sódica 800mg prescrita por outro profissional e cuja dose foi reduzida para 600mg pela proprietária sem indicação veterinária. Ao exame físico apresentava escore corporal elevado, claudicação evidente dos membros posteriores, mucosa hiperêmica com elevado tempo de perfusão capilar e aumento dos linfonodos mandibulares e poplíteos. Desidratação, febre, frequência cardíaca e respiratória elevadas e lesões cutâneas nos membros anteriores também foram observados. Os principais diagnósticos diferenciados possíveis com base nesses sinais clínicos e na história apresentada pelo paciente foram intoxicação por carboneto de cálcio, diabetes mellitus e hipoadrenocorticismo. A cadela foi internada para receber tratamento inicial e exames complementares O primeiro tratamento instituído foi dipirona [Dipirona Ibasa 50%® 15 mg/kg, e.v, TID, por 3 dias], cloridrato de tramadol [3 ml/kg, e.v, TID, por 2 dias], sucralfato [Sucrafilm® 5 mg/ml, v.o, TID, por 2 dias], citrato de maropitant [Cerenia® 0,1 mg/kg, sc, SID, por 3 dias], omeprazol [1 mg/kg , i.v, SID, por 3 dias], levotiroxina [300mg, ½ (meio) comprimido, v.o, BID, por 2 dias]. Os exames de sangue mostraram leucocitose (19600 – referência 5700 – 14200) e linfopenia (196/µl – referência 900/µl- 4700/µl) e nos exames bioquímicos houve aumento de triglicerídeos (175mg/l – referência 23mg/l – 102mg/l), sem sinais de lesões renais ou hepáticas. No exame ultrassonográfico notou-se hepatomegalia e esplenomegalia com parênquima heterogêneo. Também foi observada alteração do trato gastrointestinal com parede espessada associada a gás no trato digestivo e área hiperecóica na camada mucosa. Esses achados são compatíveis com relatos de irritação da mucosa associada a essa substância. O parênquima pancreático era discretamente heterogêneo e hiperecóico com aumento do corpo e pequenos focos hiperecóicos dispersos. As imagens da adrenal esquerda eram compatíveis com suspeita clínica de hiperadrenocorticismo.
Discussão: Todas as alterações encontradas no exame de imagem foram compatíveis com os sinais clínicos devido ao contato direto com a substância em questão. Focos de mineralização distrófica encontrados em baço e pâncreas podem ser decorrentes de alterações de fósforo e cálcio, mesmo que não sejam encontrados na literatura associados à intoxicação por carboneto de cálcio. Em conclusão, os sinais clínicos apresentados e os achados de imagem deste paciente confirmam o perigo e os efeitos potencialmente letais do contato e ingestão de carboneto de cálcio. A literatura sobre o assunto é escassa e carece de mais atenção associada a novas medidas de prevenção, instrução aos proprietários e desenvolvimento de protocolos de diagnóstico e tratamento emergencial desses animais.
Downloads
Referências
Adriani J. 1962. The Chemistry and Physics of Anesthesiology. Anestesiology. 23(4): 592. DOI: 10.1097/00000542-196207000-00025. DOI: https://doi.org/10.1097/00000542-196207000-00025
Amado L.V. & Assis A.R. 2019. Estômago e Intestinos. In: Feliciano M.A.R., Assis A.R. & Vicente W.R.R. (Eds). Ultrassonografia em Cães e Gatos. São Paulo: MedVet. pp.236-264.
Bafor E.E., Greg-Egor E., Omoruyi O., Ochoyama E. & Omogiade G.U. 2019. Disruptions in the female reproductive
system on consumpiton of calcioum carbide ripened fruit in mouse models. Heliyon. 5(9): e02397. DOI: 10.1016/j.heliyon.2019.e02397. DOI: https://doi.org/10.1016/j.heliyon.2019.e02397
Bini M., Rajesh B. & Babu T.D. 2020. Acute and subacute toxicity evaluation of calcium carbide and ethylene glycol in Wistar albino rats. Journal of Basic and Clinical Physiology and Pharmacology. 31(1): 20190126. DOI: 10.1515/jbcpp-2019-0126. DOI: https://doi.org/10.1515/jbcpp-2019-0126
Food Safety and Standards Authority of India (FSSAI). 2011. Food Safety and Standards (Prohibition and Restrictions on Sales) Regulations, 2011. New Delhi: FSSAI, 7p.
Górniak S.L. 2020. Raticidas. In: Spinosa H.S., Górniak S.L. & Palermo Neto J. (Eds). Toxicologia Aplicada à Medicina
Veterinária. 2.ed. Barueri: Manole, pp.215-224.
Igbinaduwa P.O. & Aikpitanyi-Iduitua R.O. 2016. Calcium carbide induced alterations of some haematological and
serum biochemical parameters of wistar rats. Asian Journal Pharmaceutical and Health Sciences. 6(1): 1396-1400.
Jindal T., Agrawal N. & Sangwan S. 2013. Accidental Poisoning with Calcium Carbide. Journal of Clinical Toxicology.
: 159. DOI: 10.4172/2161-0495.1000159. DOI: https://doi.org/10.4172/2161-0495.1000159
Lacreta Jr. A.C.C. & Guimarães B.L.L. 2019. Fígado. In: Feliciano M.A.R., Assis A.R. & Vicente W.R.R. (Eds).
Ultrassonografia em Cães e Gatos. São Paulo: MedVet, pp.265-324.
Lassen E.D. 2007. Avaliação laboratorial do fígado. In: Thrall M.A., Baker D.C., Campbell T.W. (Eds). Hematologia
e Bioquímica Clínica Veterinária. São Paulo: Roca, pp.335-354.
MANAUS. 2014. Lei Municipal Nº 1945, de 12 de dezembro de 2014: Proíbe o uso de substâncias químicas para amadurecimento de frutas, e dá outras providências. Manaus: Diário Oficial do Município de Manaus (DOM-MANAUS),
p.
Medeiros R.J., Monteiro F.O., Silva G.C. & Nascimento Jr. A. 2009. Casos de intoxicações exógenas em cães e gatos atendidos na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense durante o período de 2002 a 2008. Ciência Rural. 39: 2105-2110. DOI: 10.1590/S0103-84782009005000151. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-84782009005000151
Miller S.A. 1965. Properties of Acetylene. In: Acetylene: its properties, manufacture, and uses. London: Ernest Benn,
pp.1-11.
Olisah M.C., Ilechukwu O.U., Ifemeje J.C. & Ofor C.C. 2017. Effect of vitamin C against calcium carbide induced
hepatotoxicity. Tropical Journal of Applied Natural Sciences. 2(1): 74-77. DOI: 10.25240/TJANS.2017.2.1.12. DOI: https://doi.org/10.25240/TJANS.2017.2.1.12
Okeke E.S., Okagu I.U., Okoye C.O. & Ezeorba T.P.C. 2022. The use of calcium carbide in food and fruit ripening: Potential mechanisms of toxicity to humans and future prospects. Toxicology. 468: 153112. DOI: 10.1016/j.tox.2022.153112. DOI: https://doi.org/10.1016/j.tox.2022.153112
Pässler P., Hefner W., Buckl K., Meinass H., Meiswinkel A., Wernicke H.J., Ebersberg G., Müller R., Bässler J., Behringer H. & Mayer D. 2011. Acetylene. Ullmann’s Encyclopedia of Industrial Chemistry. 1: 277-326. DOI: 10.1002/14356007.a01_097.pub4. DOI: https://doi.org/10.1002/14356007.a01_097.pub4
Pedreschi F. & Murkovic M. 2022. Possible health problems associated with the use of calcium carbide as a source of the ripening gas acetylene. Global Harmonization Initiative. 4. Disponível em: https://www.globalharmonization.
net/library/reports-from-working-groups.
Pereira E.A.S. & Paula G.N. 2019. Glândulas Adrenais e Pâncreas. In: Feliciano M. A.R., Assis A.R. & Vicente W.R.R. (Eds). Ultrassonografia em Cães e Gatos. São Paulo: MedVet, pp.368-393.
Per H., Kurtoğlu S., Yağmur F., Gümüş H., Kumandaş S. & Poyrazoğlu H. 2007. Calcium carbide poisoning via food in childhood. The Journal of Emergency Medicine. 32(2): 179-180. DOI: 10.1016/j.jemermed.2006.05.049. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jemermed.2006.05.049
Ur-Rahman A., Chowdhury F.R. & Alam M.B. 2008. Artificial Ripening: What We are Eating. Journal of Medicine. 9(1): 42-44. DOI: 10.3329/jom.v9i1.1425. DOI: https://doi.org/10.3329/jom.v9i1.1425
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Denise Jaques Ramos, Diana Salazar , Camila Lie Yamauchi, Tamiris Disselli, Kairo Adriano Ribeiro de Carvalho, Giovanna Serpa Maciel Feliciano, Ricardo Pozzobon, Marcus Feliciano

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
This journal provides open access to all of its content on the principle that making research freely available to the public supports a greater global exchange of knowledge. Such access is associated with increased readership and increased citation of an author's work. For more information on this approach, see the Public Knowledge Project and Directory of Open Access Journals.
We define open access journals as journals that use a funding model that does not charge readers or their institutions for access. From the BOAI definition of "open access" we take the right of users to "read, download, copy, distribute, print, search, or link to the full texts of these articles" as mandatory for a journal to be included in the directory.
La Red y Portal Iberoamericano de Revistas Científicas de Veterinaria de Libre Acceso reúne a las principales publicaciones científicas editadas en España, Portugal, Latino América y otros países del ámbito latino