Reinventando a cidade – mulheres, antropólogos e a temporalidade na cidade contemporânea

Autores

  • Micheline Ramos de Oliveira BIEV/PPGAS/UFRGS
  • Ana Luiza Carvalho da Rocha BIEV/PPGAS/UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.22456/1984-1191.9375

Resumo

A cidade considerada como “objeto temporal” (Rocha & Eckert, 2005) é o que viabiliza a escritura desse artigo que tem como objetivo último a apropriação de narrativas biográficas (Ricoeur, 2007) de mulheres citadinas que trazem em suas trajetórias nítidos itinerários urbanos demarcadores de um “viver a cidade” constituído de “um tempo coletivo que as ultrapassa”, mas que porém, como poderemos observar nas narrativas de Fênix e Domitila uma durée social que “lhes confere um lugar determinado na forma como suas decisões alocam-se num espaço determinado”(Rocha & Eckert, 2005), seja esse espaço representado aqui, por exemplo, por Salvador e São Paulo no caso de Fênix ou Campo Grande e Rio de Janeiro se nos debruçarmos no itinerário de Domitila.

 

Ainda, a eleição de uma escrita voltada para a problematização do “tempo e a cidade” numa tese sobre mulheres e violências deve alertar que para além e no entremeio de um suposto caos formatado por vivências conflituosas e de violências existe “a cidade e seus territórios como fruto de uma consolidação temporal vivida na errância das formas de vida social dos grupos urbanos que a ela pertencem, configuradas e reconfiguradas” (Rocha e Eckert, 2005: 96), nesse caso, pelas narrativas biográficas de Fênix e Domitila, que fornecem, a meu ver, elementos bastante elucidativos no que diz respeito a relevância de se focalizar “na” e “a” cidade os estudos de violências no Brasil contemporâneo.

 

Aqui antes de fazer a defesa de um estudo inóspito da cidade, pela cidade, estase compartilhando das reflexões citadinas que perpassam estudiosos desde a Escola de Chicago, como Simmel, Park, Wirth, etc, fenomenólogos, como Schutz e o tupiniquim Gilbero Velho, até as pesquisadoras brasileiras sulistas Eckert e Rocha, que conduzem seus estudos na cidade por uma ótica hermeneuta, que por sua complexidade (Morin, 1999), abarca o “pensamento da diferença”. Segundo as autoras: “Essa intenção metodológica que aborda o fenômeno urbano a partir de uma razão hermenêutica remete ao enfoque da “unidade estilística” da cidade como objeto temporal, fora de um círculo vicioso” (Rocha & Eckert, 2005:95).

 

Assim, ainda com as autoras, nesse estudo, o foco concentra-se no “conhecimento compreensivo da cidade segundo os acontecimentos anódinos que ocorrem no seu interior e a efervescência que rege a vida ordinária de seus habitantes” (Rocha & Eckert, 2005: 95), como poderemos averiguar nos densos, extensos, mas creio necessários relatos de nossas protagonistas que serão apresentados ainda nesse capítulo mais adiante.

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Publicado

2008-03-03

Como Citar

OLIVEIRA, M. R. de; ROCHA, A. L. C. da. Reinventando a cidade – mulheres, antropólogos e a temporalidade na cidade contemporânea. ILUMINURAS, Porto Alegre, v. 9, n. 19, 2008. DOI: 10.22456/1984-1191.9375. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/iluminuras/article/view/9375. Acesso em: 28 mar. 2024.