As transformações no cenário urbano em Porto Alegre: uma etnografia da lembrança
DOI:
https://doi.org/10.22456/1984-1191.9176Resumo
Este trabalho vem no intuito do estudo da memória coletiva e da estética urbana em Porto Alegre, sendo o centro de interesses as transformações na paisagem urbana e as conseqüências destas na vida de seus habitantes. A cidade é vista enquanto cenário da vivência cotidiana de seus moradores, e, em função disto, busca-se nas memórias deles a forma de percepção e ocupação deste espaço. Neste sentido é fundamental a tentativa de trazer a tona lembranças dos modos de ocupação e transformação do espaço vivido pelos porto-alegrenses, já que estes deslocamentos contam-nos, também, a história da cidade enquanto cenário. Os vínculos entre a memória e tais deslocamentos são estreitos e é a partir destes elementos que o trabalho que se segue joga com a tensão entre o velho e o novo.
A cidade se apresenta como um construto incrivelmente dinâmico, sofrendo alterações e transformações constantes. Ela é resultado da obra de um enorme número de construtores, sendo destruída e reconstruída constantemente por aqueles que compartilham seu espaço. As grandes metrópoles, que aglomeram milhares de vidas, são palcos em ininterrupto movimento. “O que buscamos, em nosso caos urbano, não é uma ordem definitiva e sim algo aberto às possibilidades, capaz de um ininterrupto desenrolar” (Linch, 1974:14). Todos os dias há prédios sendo erguidos e outros indo ao chão; há um fluxo de veículos e pedestres em todas as direções; há máquinas trabalhando nas ruas diariamente. A cidade é, assim, o palco primordial da vida moderna.
A cidade de Porto Alegre, por medida preventiva a possíveis ataques inimigos – espanhóis, lutando pela posse do território do sul do Brasil -, desenvolveu-se à beira do estuário do Guaíba, com o centro da cidade limitado pelas águas. Assim, o tráfego de veículos é algo problemático, e ruas que servem de anéis viários são construídas para um melhor fluxo do trânsito, desviando-o do centro. Trata-se de um processo de cirurgia urbana em curso; os antigos logradouros, as ruas estreitas que remetem a uma cidade antiga são destruídos e dão lugar a grandes artérias que facilitam e viabilizam o fluxo do grande volume de automóveis que temos hoje, nas grandes metrópoles.1 O processo de pesquisa de campo se deu buscando compreender a parte daqueles que trabalham na obra, dos agentes da transformação, através do recurso da imagem fotográfica, bem como o ponto de vista dos moradores do bairro Jardim Botânico, e a descaracterização do modo de organização do espaço deste bairro.
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