Os militares e os usos políticos do abolicionismo

Autores

  • Rodrigo Goyena Soares Universidade de São Paulo (USP)

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.85495

Palavras-chave:

militares, abolicionismo, imprensa militar, política imperial, crise do Império

Resumo

O artigo discute o sentido do abolicionismo militar na crise do Império. Malgrado sua heterogeneidade, a caserna foi mais uníssona quanto à abolição do que em outras matérias ideológicas. Sem prejuízo para as razões corporativas, foram sobretudo motivos políticos que levaram o segmento militar a endossar o fim do cativeiro. O argumento assenta-se sobremaneira na releitura da imprensa militar e da correspondência civil, fontes nas quais o abolicionismo castrense se afigura como mecanismo de ingresso na política nacional: compreendeu-se a abolição como medida de enfraquecimento da classe dirigente e, portanto, como forma de introduzir novos rostos na administração pública.

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Biografia do Autor

Rodrigo Goyena Soares, Universidade de São Paulo (USP)

Doutor em História Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Foi pesquisador visitante no Departamento de História da New York University. Possui mestrado em História Social pela UNIRIO e em Relações Internacionais pelo Institut dÉtudes Politiques de Paris (SciencesPo.). Graduou-se em Ciências Políticas pela SciencesPo. Fez intercâmbio universitário na Universidade de São Paulo, nos departamentos de Relações Internacionais e de História. Trabalhou na Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (OCDE) como pesquisador de assuntos latino-americanos. Seus principais campos de estudo são História do Brasil Imperial, História das classes sociais no Brasil e História da Política Externa Brasileira. Atualmente, pesquisa o retorno dos veteranos da Guerra do Paraguai e a queda do Império, no âmbito de pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP).

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Publicado

2020-01-29

Como Citar

Goyena Soares, R. (2020). Os militares e os usos políticos do abolicionismo. Anos 90, 27, 1–15. https://doi.org/10.22456/1983-201X.85495

Edição

Seção

Artigos